I – EXPLICAÇÕES PRELIMINARES
Entendemos que qualquer país pode ser, ao mesmo tempo, uma base missionária e um campo missionário. Chamamos de “base missionária” um país de onde saem missionários para outros países. “Campo Missionário” é um país que recebe missionários de outros. Devido a aspectos da própria história da igreja protestante de um país e, também, a fatores políticos (maior ou menor liberdade religiosa) e econômicos (capacidade econômica das igrejas de manter-se e propagar-se), um país pode ser predominantemente “campo missionário” ou “base missionária”.
O Brasil, por exemplo, ainda é um grande “campo missionário” devido ao fato de ter sido colonizado por um país católico-romano (Portugal) e pelo grande desafio que representa cobrir toda a sua extensa área geográfica (oito milhões e meio de quilômetros quadrados) com a mensagem do Evangelho, bem como impactar os diversos grupos étnicos que nele vivem, desfio que se torna maior diante da condição econômica do país e, consequentemente, das igrejas evangélicas que nele há. Apesar disso, o país pode também ser considerado como uma “base missionária”, já que as Assembleias de Deus e várias outras denominações pentecostais e não pentecostais têm enviado e estão mantendo milhares de obreiros em outros países.
Quando se toma conhecimento de que há brasileiros vivendo como missionários em todos os continentes da Terra, incluindo todos os países do Continente Americano, vários países da África e da Ásia, pode-se perguntar: seria o Brasil, mesmo, um país em que predomina a característica de “campo missionário”? A resposta é afirmativa, se levarmos em conta dois fatores:
1º O potencial das igrejas evangélicas, principalmente das Assembleias de Deus, é suficiente para que se tivesse, não apenas milhares, mas dezenas de milhares de missionários em outros países. A proporção é de um missionário para cada dez mil membros das igrejas. A situação, aqui, é a de alguém que ganha dez mil dólares mensais e entrega cem dólares à tesouraria de sua igreja. Não se pode dizer que essa pessoa seja dizimista. Pode-se dizer que ela é uma contribuinte importante para sua igreja mas não que seja dizimista.
2º O índice de cristãos evangélicos no país é de, aproximadamente, 20% (vinte por cento). É um índice relativamente elevado, se comparado com o de outros países. Mas a curta visão missionária das igrejas mostra que os cristãos não assimilaram plenamente os ensinamentos de Jesus. Os cristãos são cristãos “incompletos”. Eles ainda precisam de que alguém venha de outros países para dizer-lhes que ser discípulo de Cristo significa ter compromisso com as almas perdidas em todo o mundo. Quando as igrejas evangélicas brasileiras aprenderem “todo o conselho de Deus” (At 20.27), não apenas irão fazer muito mais pela evangelização de outros povos do mundo, como vão evangelizar muito melhor o seu próprio país.
II – PONTOS POSITIVOS DE UM PAÍS QUE É PREDOMINANTEMENTE “CAMPO MISSIONÁRIO”
1. Sentimento de gratidão para com os países de onde vieram e estão vindo os missionários.
2. Tendência de imitar o jeito de ser e os métodos dos missionários pioneiros, inclusive a coragem destes.
3. Tendência de dar continuidade ao trabalho de evangelização de seu país, iniciado pelos pioneiros.
4. Tendência de mostrar-se capazes de liderar a obra cristã já estabelecida no país.
III – PONTOS NEGATIVOS
1. Tendência de nunca ver a obra evangelizadora para fora de seus países, uma vez que os pioneiros ensinaram-lhes a amar fortemente um país: aquele onde estão.
2. Mesmo quando chamados à atenção com respeito às necessidades de outros países mais carentes que o seu, acham-se incapazes e, por isso mesmo, descomprometidos com tais necessidades.
3. Tendência de “parar no tempo” com respeito aos métodos de evangelização, liturgia e, até, ao jeito de vestir-se dos missionários que os evangelizaram.
4. Tendência de exagerar em seu desejo de mostrar-se capazes de conduzir a obra cristã em seu país, ao ponto de repelir seus pais na fé. O apóstolo Paulo deve ter enfrentado algo parecido, pois ironizou: “Sem nós reinais” (I Co 4.8).
IV – IMPACTOS QUE EXPERIMENTA UM PAÍS (OU UMA GRANDE DENOMINAÇÃO EVANGÉLICA DE UM PAÍS) QUANDO DEIXA DE VER-SE EXCLUSIVA OU PREDOMINANTEMENTE COMO “CAMPO MISSIONÁRIO” PARA A VER-SE, TAMBÉM, COMO “BASE MISSIONÁRIA”
1. Passa a conscientizar-se de que há países no mundo mais necessitados da Palavra de Deus que eles próprios.
2. Passa a ter consciência de que, por mais pobre que ele seja, pode, sim, cooperar com a evangelização do mundo.
II Coríntios 8.1-5.
3. Postos em contato com cristãos que têm uma história diferente da sua, passam a ter uma fé mais equilibrada, mais madura, percebendo o que realmente compõe a fé cristã e o que é periférico, assessório. Colossenses 2.20-23.
4. Passam a ter melhor condição de avaliar o trabalho que as igrejas de outros países estão fazendo ou já fizeram e, assim, tendem a respeitar mais as outras igrejas e a ter uma postura mais humilde diante delas. Filipenses 2.3.