I. Pressuposição básica
A parte principal do livro, ou seja, aquilo que está em seus capítulos (páginas 29 a 371) seriam as revelações anunciadas na capa. Isto porque não há nenhuma seção particular do livro que seja declarada como tal.
As legendas: “revelações do livro selado pelo profeta Daniel para o tempo do fim”, “revelações das coisas inefáveis que o apóstolo Paulo ouviu no paraíso” e “revelações do livrinho comido pelo apóstolo João” contidas na capa, só fazem sentido se tais revelações estiverem no livro. Ou estaremos diante de um caso grosseiro de propaganda enganosa?
Bem, de qualquer forma, no prólogo está textualmente declarado: “este livro possui uma característica singular por se tratar da tradução feita de forma sobrenatural – do livro selado pelo profeta Daniel, comido pelo apóstolo João e das coisas inefáveis que o apóstolo Paulo ouviu no paraíso acerca das quais não pôde falar”. Então definitivamente, o que se lê a partir da página 29 é a tradução do livro que está no céu (pelo menos é o que os escritores afirmam).
II. Primeiro problema: a forma de apresentação da pretensa revelação
Algo que está escrito no céu tem que estar muito bem escrito. Se é bem traduzido para um idioma falado na terra. Se é bem traduzido para um idioma falado na terra, tem que continuar bem escrito. No presente caso, os “tradutores” declaram que foram obrigados a fazer um bom trabalho. Veja-se o que está escrito na página 23:
“Ficamos impressionados ao ver que do meio do livro sai uma luz que resplandece muito intensamente. Essa luz é uma espécie de sinalização no processo de leitura e tradução do livro. Ela diminuía de intensidade avisando que a tradução do parágrafo que havia sido lido fora feita com êxito…”
Pelo que está dito, não se permitiam equívocos na tradução.
Agora, só a título de exemplo, avalie-se o seguinte: “o homem de Deus, através da fé, supera impossibilidades, pois as coisas impossíveis aos homens naturais são anuladas para os homens espirituais, mediante a fé” (página 30, primeiro parágrafo). É óbvio que a intenção aqui é a de dizer que as coisas impossíveis aos homens naturais são possíveis, não anuladas, para os homens espirituais. O erro é gritante.
Outro exemplo: “A fé traz todas as coisas do mundo espiritual para o mundo material. Ela permite que o homem de Deus elimine o nada pois para quem tem fé nada é impossível” (página 40, 4º parágrafo). Para se eliminar o nada não é preciso de fé. Não é preciso nada!
Basta ler o livro com um mínimo de atenção para se constatar vários erros como estes.
III. Segundo problema: Incoerências
São muitas também. Nestes casos, é preciso um pouco mais de esforço para perceber. Porque algo que se diz numa página pode contradizer outra coisa que foi dita várias páginas antes. Por exemplo: “com isso, agradeço ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo pela grandiosa fé que tenho Neles” (página 48, 4º parágrafo). Estas seriam palavras ditas pelo apóstolo Paulo que, como se sabe, já dorme no Senhor. Mas conflita com o que está escrito na página 38, logo no 2º parágrafo: “a fé é ousada pelos santos durante o exercício da vida cristã na terra pelos santos durante o exercício da vida cristã na terra findo o qual será guardada durante o período intermediário (paraíso) até encontro com o Seu Autor no dia do arrebatamento”.
Bem, ou Paulo já ressuscitou, ou não foi para o Paraíso ao deixar este mundo, ou então se esqueceram de guardar a fé Dele!
IV. Terceiro problema: Inconsistência
1. Inconsistência da ideia central do livro
A ideia central do livro é a de que ocorrerá na terra um grande e último avivamento espiritual, do qual resultará a conversão de “multidões de almas ao redor da terra”. Essa ideia é repetida em quase todas as páginas do livro.
Ora, se o livro que temos em mãos é a tradução do livro no céu, tal como, está escrito na página 16, então o avivamento já estava previsto, registrado no céu, no mínimo desde os dias do profeta Daniel. Como foi então que Deus, o Pai, chegou a dizer ao Filho “É hora de a Igreja ser tirada da terra, pois não está conseguindo cumprir sua missão”? (página 21). É até uma blasfêmia querer dar a entender que Deus não tem conhecimento nem do que está escrito no céu.
2. Inconsistência dos testemunhos dos apóstolos João e Paulo e do profeta Daniel
Os pretensos testemunhos contidos no livro que temos em mãos estavam no livro “celestial” ou foram acrescentados depois? (na página 355, no 2º parágrafo), diz algo a respeito, mas não deixa esta dúvida esclarecida.
Estava no livro original, então os próprios depoentes (João, Paulo e Daniel) já sabiam do tal avivamento, uma vez que se referem a Ele (páginas 332, 338, 343, etc). Então, o acontecimento descrito na página 21, não faz nenhum sentido.
Se os pretensos testemunhos não estavam no livro original, seria bom que os escritores de “o triunfo eterno na Igreja” nos informassem como tomaram deles conhecimento, pois em nenhum lugar do livro somos informados a respeito disso. Será que eles tiveram contato com nossos irmãos que já morreram? Nesse caso, não estaremos diante de um preocupante “espiritismo evangélico”?
3. Inconsistência de eventos descritos
Na página 79, a partir do 3º parágrafo, lê-se “nos últimos dias, a humanidade experimentará dois extremos vindos da parte de Deus:”
a. Primeiro, a humanidade experimentará a maior glória de Deus jamais manifestou sobre a face de toda a terra;
b. Segundo, a maior manifestação da ira, do juízo e da justiça de Deus.