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AS ASSEMBLEIAS DE DEUS E SUAS APARENTES CONTRADIÇÕES

1. Panorama Geral
   Em matéria de usos e costumes, há coisas, nas Assembleias de Deus, que em certa época não eram aceitas em nenhuma igreja local e que hoje são aceitas em todas. O uso do aparelho de rádio, por exemplo. Há coisas que são aceitas naturalmente por algumas igrejas e totalmente rejeitadas por outras. Cabelos femininos soltos, por exemplo. Muitos outros exemplos poderiam ser dados como a exigência de colarinho abotoado para os homens, a aceitação de refrigerantes, depilação feminina, uso do aparelho de televisão, etc. contradições? Sim e não. Tais coisas não serão consideradas contraditórias se as seguintes considerações forem observadas.
   Primeiro: há maneiras diferentes de se defender um mesmo princípio.
   Segundo: mudanças de tempo e lugar fazem entrar em ação princípios diferentes, gerando ações diferentes em circunstâncias que se parecem idênticas.
   Terceiro: há coisas cujo valor não está nelas e sim no simples ato de executá-las.
   Quarto: há práticas que têm valor relativo quanto às pessoas que as adotam bem como à época e local onde são adotadas.
   Quinto: não é razoável esperar que igrejas locais com histórias específicas, vivendo circunstâncias distintas, se comportem, necessariamente, de maneira idêntica, em matéria de usos e costumes.
  Vamos tratar com mais detalhes as considerações feitas acima.
2. Há maneiras diferentes de se defender um mesmo princípio
   O dicionário define assim a palavra “princípio”: “Regras ou código de (boa) conduta pelas quais alguém governa a sua vida” (dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, Enciclopédia Britânica do Brasil).
   Por trás de cada uso e costume que adotamos há um princípio que defendemos. A defesa de um mesmo princípio pode levar-nos a atitudes aparentemente antagônicas.
   Jesus defendia o princípio do combate ao desperdício. Quando multiplicou cinco pães e dois peixes para alimentar cinco mil homens, mandou recolher todas as sobras para que nada se perdesse (Jo 6.2). já na casa de Simão, o leproso, o Mestre não censurou a mulher que derramou um perfume muito caro sobre a cabeça d’Ele, o que pareceu a alguém ser um grande desperdício (Mt 26.6-10). Incoerência? Claro que não. Desperdício seria o dinheiro do unguento nas mãos de Judas, que era ladrão (Jo 12.6). Jesus defendeu o mesmo princípio com atitudes diferentes.
   Vemos, no exemplo acima, que a defesa de um mesmo princípio pode levar-nos a agir de maneiras diferentes. Isso pode acontecer também na área dos usos e costumes, nos dias de hoje, levando os membros de uma Assembleia de Deus a agirem de maneira diferente dos de outra, embora estejam todos defendendo os mesmos princípios.
3. Mudanças de tempo e lugar fazem entrar em ação princípios diferentes, gerando ações diferentes em circunstâncias que se parecem idênticas.
   Davi esteve diante de um mesmo problema, o problema de permitir ou não que fosse ferido o “Ungido do Senhor”, em meio à circunstância bem distintas. Em uma ocasião ele, Davi, feriria o Ungido do Senhor e permitiu que se lhe ferissem (II Sm 16.5-10). Abisai, oficial do exército de Davi, presente a ambas as ocasiões, por certo imaginou que seu líder não foi coerente naqueles episódios. Ocorre que na primeira ocasião, Davi foi guiado pelo princípio da reverência à unção de Deus dada a um homem. Na segunda prevaleceu o princípio da humildade diante de Deus.
   Outro exemplo: I Re 20.31-43, comprado com II Re 6.18-23.
   Pode-se, então, encontrar os membros de uma Assembleia de Deus, de determinada época e local, procedendo de maneira diversa em relação a determinados usos e costumes, se comparados com os de outra época e local, exatamente em função da diversidade dos contextos em que vivem.
4. Há coisas cujo valor não está necas e sim no simples ato de executá-las.
   Pode parecer absurdo, mas é assim mesmo. Veja-se o caso da cura do leproso Naamã (II Re 5.8-14). A receita do profeta Eliseu consistiu em que o enfermo mergulhasse sete vezes no rio Jordão. Não nos consta haver qualquer virtude medicinal ou sobrenatural nas águas do Jordão. Se houvesse, até hoje estaria ocorrendo uma “romaria” enorme de leprosos para aquele rio. A virtude não estava no ato físico do mergulho e sim na fé, obediência e humildade de que ele resultou. As mesmas coisas se podem dizer da multiplicação do rebanho de Jacó (Gn 30.31-43), da transformação das águas amargas em doces (Ex 15.23-25), da cura do cego com lodo (Jo 9.1-7) e de muitos outros episódios bíblicos.
   Sinceramente, há maneiras de se observar os usos e costumes adotados nas Assembleias de Deus no Brasil, que são mais demonstrações de obediência e humildade do que qualquer outra coisa. E, assim como nem todo o leproso foi curado por Deus através de mergulhos no Jordão, nem todo cego foi curado por Jesus com lodo de saliva, assim também os membros de diferentes igrejas Assembleias de Deus podem ser testados quanto à obediência e humildade de maneiras diferentes.
5. Há práticas que tem valor relativo quanto às pessoas que as adotam bem como à época e local onde são adotadas.
   Com a afirmação acima queremos dizer que uma mesma prática pode ter valor diferente para pessoas diferentes, ainda que frequentem a mesma igreja. Quanto mais se frequentam igrejas em locais diferentes ou épocas diferentes!
   O general Naamã pediu uma concessão ao profeta Eliseu que jamais poderia ser entendidas às pessoas comuns (II Re 5.17-19). Davi, dentro de circunstâncias muito especiais, comeu os pães da proposição que eram de uso exclusivo dos sacerdotes (Mt 12.3, 4).
   Usar chapéu em uma época e lugar em que tal uso é comum é fácil. Quem vive em um ambiente ou em uma época ou locais totalmente diferentes dos seus onde uma pessoa “enchapeuzada” seria considerada como um palhaço. Utilizamos este exemplo porque dificilmente ela incomodará alguém. Mas há uma série de outras coisas que poderiam ser enquadradas dentro do mesmo pensamento.
6. Não é razoável esperar que igrejas locais com histórias específicas, vivendo circunstâncias distintas, se comportem, necessariamente, de maneira idêntica, em matéria de usos e costumes.
   As considerações precedentes fundamentam esta última. Nunca o mundo mudou tanto e tão rapidamente como em nossa época. A tendência é que tais mudanças ocorram com profundidade e velocidade cada vez mais intensas. Gostando ou não gostando, querendo ou não querendo, as mudanças no mundo afetam as igrejas. Não que as igrejas devam se deixar corromper abrindo mão de seus princípios fundamentais. Mas, repetindo o que foi dito acima, há maneiras diferentes de se defender os mesmos princípios.
   Uma característica fundamental das Assembleias de deus pioneiras, sempre foi a intensidade com que os crentes oravam. Com a oração vem o derramamento do Espírito Santo e com Ele a sabedoria. Nossos pioneiros receberam a orientação do Espírito Santo para se conduzirem, em todos os aspectos, em sua época. Nós agora precisamos buscar a Deus, tanto ou mais que os nossos antepassados, para recebermos do Espírito Santo de Deus a orientação para enfrentarmos os desafios de nossa época.

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