Brasília, 2 de outubro de 2011.
Em algum lugar de minha memória há um pedaço de canção que aprendi na escola primária. Isto aqui: “A primavera é uma estação florida, cheia de imenso e divinal fulgor. De flores enche o coração da vida, de vida enche o coração da flor…”. Só me lembro desse pedacinho e nem sei se ele está correto. Com certeza a gente cantava isso quando chegava a Estação das flores. Ou seja, no mesmo tempo do ano em que estamos agora, já que a primavera começou aqui no Hemisfério Sul, no dia 21 de setembro.
Aqui onde vivemos, mais próximo ao meio do Globo Terrestre, as estações não são percebidas com tanta nitidez como mais acima ou mais abaixo de onde estamos, uma vez que é, justamente, a inclinação do nosso planeta em relação ao sol, que as produz. Quando a parte Norte do Globo está mais próxima do sol, a parte Sul está mais longe. Numa, então, é verão e, na outra, é inverno. No meio do caminho, entre o verão e o inverno, é outono. Indo-se do inverno para o verão e tem-se a primavera.
Tudo é fruto da sabedoria do nosso Deus. Mas aí está também sua fidelidade. Em Gênesis 8:22 Ele nos prometeu: “enquanto a terra durar, sementeira e sega, frio e calor, verão e inverno, dia e noite não cessarão”. Nossa vida depende da sucessão de estações, literal e figuradamente.
Nas regiões onde as estações são mais definidas, as árvores vão perdendo suas folhas no outono e, quando chega o inverno, elas só têm o tronco e os galhos. Parecem completamente mortas. O ar é frio. As aves não cantam, os animais e os próprios homens não tem ânimo para sair dos seus abrigos. Parece que a natureza morreu. Mas não, ela está apenas descansando. Está se restaurando. O outono, a estação em que as folhas caíram, foi a mesma em que as árvores forneceram, generosamente, seus belos, cheirosos e deliciosos frutos. Agora é necessário refazer-se.
Na primavera a natureza “ressuscita”. As árvores ganham novas folhas e, em seguida, surgem as flores, essas obras de arte que só Deus poderia idealizar, com desenhos, cores e aromas os mais diversos. Durante o verão elas se transformarão em frutos. E a vida segue o seu curso.
A vida de cada um de nós tem os seus “outonos”, seus “invernos” e seus “verões”. Os verões são tempos de preparação para o outono. Os outonos são tempos de alta produtividade intelectual, profissional, ministerial ou social. Mas também temos os nossos invernos: tempos de solidão e quietude que nada mais são do que pausas para restauração.
Que bom que temos também nossas “primaveras”: fases de beleza, seja estética ou de qualquer outro tipo. Isso também é coisa de Deus. Ele aprecia o que é belo. Sejamos assim também. Deliciemo-nos com as coisas belas que Deus faz. Alegremo-nos. É primavera.