Brasília, 6 de dezembro de 2009.
Como devemos nos sentir e o que devemos fazer quando falam mal de nós? Depende, basicamente, de duas coisas: a veracidade do que estão falando e quem são os “nós” de quem estão falando. Vou explicar.
Parece paradoxal, mas Jesus disse que se o que estiverem falando for mentira, nós devemos nos alegrar (confira em Mateus 5.11, 12). Como tudo o que Jesus ensinou no seu famoso Sermão da Montanha, isso aqui é revolucionário. Nossa tendência, ao ser caluniados, é a de ficar profundamente tristes, revoltados. Calúnia dói, e como dói. Calúnia é uma injustiça e não é fácil alguém sentir-se feliz por sofrer uma injustiça. Mas pense bem: se alguém diz algo desabonador a nosso respeito, e isso não corresponde à verdade, então nós estamos “bem na fita”. Nós não cometemos o erro que estão dizendo que cometemos. Nossa consciência está tranquila. Nós estamos em paz com nós mesmos. E, o mais importante que tudo: estamos em paz com Deus. Em algum tempo (talvez só na eternidade) Deus fará com que a verdade apareça. Só Deus sabe qual é o melhor momento para que essa verdade apareça, mas a verdade sempre prevalecerá e nós estamos do lado dela.
Agora, se falarem mal de nós e o que disserem for verdade, aí a coisa está feia para o nosso lado. Nesse caso, a primeira coisa a fazer é lamentar, chorar. Quem tem o Espírito Santo de Deus, se sente mal quando está em um conflito com Ele. O mal não é a nossa “praia”. Se, de alguma forma, nos associamos com ele, estamos no lugar errado. E nos sentimos incomodados, desconfortáveis. A segunda coisa a fazer é sair de fininho. Abandonar o mal. Arrependidos, pedimos perdão a Deus e nos propomos a não cometer mais aquele erro.
Mas eu disse, lá no começo, que nosso sentimento e nossa reação dependem, também, de quem os “nós” de quem estão falando mal. Se estiverem falando mal de meu povo, minha igreja, minha denominação evangélica ou da Igreja de Jesus Cristo, meu sentimento deve ser o mesmo que eu devo sentir quando falarem mal de mim, mas, dificilmente, será uma coisa automática. Eu preciso ser um cristão muito consciente para entender que aquilo que estão falando me atinge também. Se estiverem falando mal, com veracidade ou não, eu preciso vigiar muito para não juntar minha voz `dos que estiverem falando. Eu, jamais, devo falar mal do meu povo. Seja a fala verdadeira ou, muito menos, inverídica. Falar mal de meu povo é falar mal de mim mesmo.
Quando falarem mal de meu povo e o que estiverem falando for mentira, eu devo fazer o que Jesus mandou: alegrar-me e dar graças a Deus. Se o que disserem for verdadeiro, eu devo lamentar, chorar, e examinar-me a mim mesmo para ver se eu não tenho parte no malfeito. Se for o caso, eu devo abandonar o erro. A cura já terá começado. Eu devo, também, orar pedindo perdão a Deus pelos erros do meu povo, como fizeram Neemias (Ne 1.5-11), Jeremias (Jr 14.19-22), Daniel (Dn 9.1-19) e outros servos de Deus no passado. E devo ministrar a Palavra de Deus a mim mesmo e aos meus irmãos, para que a cura seja o mais ampla possível. Lembremo-nos da recomendação e da promessa que Deus nos faz em II Crônicas 7.14:
“E se o meu povo que se clama pelo meu nome se humilhar, orar, e buscar a minha face e se converter dos seus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra”.