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Brasília, 8 de novembro de 2009.

DURO DE MATAR

  O apóstolo Paulo é um dos personagens mais fascinantes da história bíblica. Não por acaso, quase dois terços do livro de Atos dos apóstolos giram em torno de sua pessoa. O curioso é que ele nem fazia parte dos doze apóstolos originais escolhidos por Jesus. Ele I Coríntios 15:8 ele diz que é “um nascido fora do tempo”. Graças a Deus por esse “filho temporão”! hoje ele é considerado como sendo o maior missionário de todos os tempos. Cerca de um terço do conteúdo do Novo Testamento é resultado de seu trabalho como apóstolo e pastor.
  Um dos episódios mais reveladores da personalidade do “Apóstolo dos gentios”, como Paulo é também chamado, está no capítulo 14 do livro de Atos. O versículo 19 nos informa: “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo, e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto”.
  Eu imagino que os adversários de Paulo, ao vê-lo todo arrebentado, envolto em sangue e imóvel no chão, pensaram: “Ufa! Deu trabalho, mas nos livramos desse sujeito!”. Cumprimentaram-se entusiasticamente, sacudiram a poeira das roupas e foram para casa comemorar. Aí, quando leio os versos subsequentes, eu começo a rir. Os versos 20 e 21 nos dizem: “Mas, rodeando-o os discípulos, levantou-se, e entrou na cidade, e no dia seguinte saiu com Barnabé para Derbe. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, e Icônico e Antioquia”. Jesus amado, o homem já estava em ação no dia seguinte! E a “vingança” dele foi terrível: fez muitos discípulos, inclusive na mesma cidade em que foi apedrejado!
  A “dureza” de Paulo decorria da firmeza de suas convicções. Antes de converter-se ao cristianismo, ele era adepto do farisaísmo, uma corrente religiosa judaica que lia muito os escritores sagrados e era extremamente zelosa de sua observância. Por isso mesmo, Paulo perseguiu muito os primeiros cristãos, na firme convicção de que estava combatendo uma heresia. Ele era assim: quando abraçava uma causa, a defendia com grande ardor. Por isso, tumultos promovidos por opositores, agruras do traalho evangelístico e até pedradas não o impressionavam. Para ele, a as riquezas do Evangelho eram superiores a todo e qualquer sofrimento. Ele escreveu: “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor, pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como esterco, para que possa ganhar a Cristo” (Filipenses 3.8).
  Já no capítulo 15 do livro de Atos, vemos Paulo às voltas com algo que, com toda a certeza, o maltratava muito mais do que pedradas: a tentativa que certos judeu-cristãos estavam fazendo de misturar sua antiga religião com o cristianismo. Aquilo era muito para Paulo. Ele conhecia bem o judaísmo, por ter sido outrora um fariseu “linha dura”, e conhecia também o cristianismo, por ter recebido diretamente do Senhor uma profunda revelação do que significava a Graça de Deus, algo antagônico à falsa sensação de justiça própria que havia no judaísmo. Paulo sabia que uma coisa era uma coisa e a outra coisa era outra coisa. E bateu pesado. O verso 2 de Atos 15 diz que Paulo teve uma “não pequena discussão e contenda contra eles”. E não apenas naquele episódio, mas em vários de seus escritores, Paulo combate a mistura do cristianismo com judaísmo ou com qualquer outra coisa estranha ao que ele chama de verdade do evangelho “(Gálatas 2.14). Nessa cruzada, ele não poupou nem ao seu colega Pedro, conforme a gente pode ver nesse mesmo versículo agora citado.
  Neste tempo em que muitas pessoas têm procurado mesclar a fé cristã com tantas coisas estranhas, inclusive com o próprio judaísmo, precisamos de defensores da fé como o apóstolo Paulo. Precisamos, também, manter a chama missionária que ardia em seu coração. Chama de fé e amor que ninguém consiga apagar.

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