plv0523

plv0523

Brasília, 28 de dezembro de 2008.

VERDADEIRAS ÁRVORES DE NATAL

  O cerrado, esse ecossistema cheio de uma vegetação rasteira, em meio à qual se encontram arbustos de galhos retorcidos, pode não ter a exuberância das florestas, mas ele é também muito generoso. Eu sou testemunha disso. Tenho chegado ao Planalto Central ainda adolescente, cresci andando pelo meio do Cerrado, colhendo cajus, mangabas, araticuns, pequis, guarirobas, jatobás, e mais uma série de outras frutas de sabor exótico.
  A implantação da nova Capital Federal exigiu e continua exigindo o sacrifício da vegetação nativa. Parece que o reflorestamento de nossas superquadras com fruteiras nativas é técnica e/ou economicamente inviável e, assim, as mangabeiras, os araticunzeiros e os pés de jatobás rasteiros vão desaparecendo. Menos mal que encheram o Plano Piloto de abacateiros, jaqueiras, pés de jamelão e mangueiras. Os nossos sabiás, João de barro e bem-te-vis agradecem. E nós mesmos que somos inebriados pelo doce aroma das frutas maduras e que, aqui e acolá encontramos uma ao alcance da mão para saborear, também agradecemos.
  Ah, as mangas! Como são lindas! Umas ficam bem grandes, outras amadurecem sem precisar crescer muito. Umas são redondas, outras comprinhas; de verdes mudam para o vermelho e, depois, ficam amarelas. Cada tipo tem um sabor diferente. Uma fruta dessas, na América do Norte e na Europa custa caro à beça. E por lá não se encontra a variedade de mangas que temos aqui nem amadurecidas ao ponto, no pé, com esse dulçor incomparável. Devemos dar graças a Deus pelas mangas, você não acha?
  Nossas mangueiras começam a dar seus frutos no final do ano e nos oferecem até o início do ano seguinte. Elas terminam e começam o ano frutificando. Eu penso que elas passam o ano preparando-se para isso. Mas, mesmo durante o processo de preparação, elas são úteis. Oferecem sombra, protegem o solo, purificam o ar, abrigam os pássaros, e até embelezam o ambiente com suas flores. Na verdade, as mangueiras são fontes de bênçãos durante o ano todo. As preciosas mangas são apenas o epílogo de seu ciclo anual de “abençoamento” que belo exemplo! Que Deus nos dê a graça de sermos como as mangueiras. Terminemos este ano dando frutos. Comecemos o próximo frutificando. Sejamos fontes de bênçãos em todos os doze meses e nos trezentos e sessenta e cinco dias do ano. E quando chegar ao final de mais uma jornada, ao invés de estarmos cansados e inoperantes, ofereçamos ao mundo uma apoteose de frutos. Amém.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *