Brasília, 16 de março de 2008.
“Passei pelo campo do preguiçoso, e junto À vinha do homem falto de entendimento: e eis que toda estava cheia de cardos, e a sua superfície coberta de ortigas, e a sua parede de pedra estava derribada. O que tendo eu visto, o considerei; e, vendo-o, recebi instrução. (Provérbios 24.30-32)”
Entre as muitas tendências ruins, próprias do ser humano, está a de querer transferir para os outros, aquilo que é de sua responsabilidade. Aí se encontra a raiz de muitíssimos problemas. A pessoa faz o que não deveria, ou deixa de fazer o que era para ser feito, e diz que a culpa foi da sociedade, que o marginalizou, ou da família, que não lhe proporcionou as oportunidades que precisava ter e o cônjuge, que não a compreendeu, enfim, a culpa é de todo mundo menos dela própria.
É claro que é um mundo injusto e muitas pessoas poderiam ter uma vida melhor e mais produtiva se não lhes fossem negados o apoio e as oportunidades a que, certamente, tinham direito. Mas isso não justifica a maioria das falhas que são cometidas por aí. Pobreza não justifica desonestidade nem agressividade. Quantas pessoas pobres existem e que, para se manterem e até para prosperarem, nunca roubaram de ninguém nem tiraram a vida de seus semelhantes. E quantos ricos há que são desonestos e chefes de quadrilhas!
Os inúmeros casos de dissolução familiar, hoje em dia, também têm suas “justificativas”: em geral, quando o casamento termina, a culpa não é do (a) adúltero (a) e sim, do (a) outro (a) que “deixou de inspirar amor”. “Não fez por merecer meu amor”, diz o (a) infiel.
Talvez a culpa seja do Cupido, aquele deusinho grego, travesso, que flechou outro par de corações!
Quando os filhos não honram, muito menos ama, seus pais, de quem é a culpa? Dos genitores, que não deram tudo o que os filhos quiseram deles. Filhos são abandonados e/ou negligenciados pelo pai ou pela mãe ou por ambos. De quem é a responsabilidade? Do genitor que ficou com a responsabilidade de criar filhos que não trouxe sozinho ao mundo, ou dos avós, ou de qualquer pessoa, menos de quem fugiu à sua responsabilidade.
No final das contas, todo mundo sofre, a sociedade se torna mais injusta, agressiva, sem rumo e ninguém se sente responsável pelo está acontecendo.
Amigos, esse mundo não vai melhorar nem um pouco com a dissolução da instituição familiar. E nenhuma família subsistirá se cada um de seus componentes não estiver disposto a cumprir o papel que lhe cabe. Sobretudo se não houve a disposição de amar, de amar verdadeiramente. Sim, amar é algo que depende de querer. É uma coisa que se semeia e que se deve cultivar. Não tem nada de mágico.
Uma família é como uma lavoura: colhem-se bons e abundantes frutos quando se está disposto a lutar para isso. É preciso esforço, muito esforço, antes mesmo de se começar a fazer semeadura: limpar, arar e fertilizar a terra. Depois, é necessário ter muito critério na seleção das sementes e cuidado no próprio ato de semear. E até que chegue o momento da colheita, haverá sempre a necessidade de se dar muita atenção e de se fazer muito esforço.
Constituir e manter uma família é assim também. Mas todo o esforço será bem recompensado. Como diz aquele outro versículo:
“Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos” (Salmos 126.6)