Brasília, 17 de fevereiro de 2008.
“Mãe, mãe, eu estou sequestrada. Mãe, por favor, socorra-me. Gisele? O que está havendo, minha filha? Sim mãe, sou eu Gisele. Eles me sequestraram quando eu estava na parada de ônibus. Pelo amor de Deus, mãe me livre daqui”. Esse tipo de diálogo, feito por telefone, está cada vez mais comum em várias cidades do Brasil, inclusive Brasília, dando início a momentos de verdadeiro pavor para muitas pessoas. Algumas famílias de nossa própria igreja já passaram por isso. Tentaram aplicar o golpe em nossa casa. Graças a Deus, a “vítima” dizia ser nossa filha. Como não temos filha, a coisa não nos afetou.
A capacidade que as mentes criminosas têm para inventar meios de arrancar os bens das pessoas honestas, principalmente para tirar-lhes a paz, parece não ter fim. Esse tipo de “sequestro psicológico” é terrível. Depois que a família para pelos maiores apuros, temendo pela integridade física e até pela vida de sua filha ou filho que, supostamente está sob sequestro, depois que faz o possível e o impossível para conseguir o dinheiro que os “sequestradores” estão exigindo, descobre que tudo não passou de uma farsa. A pessoa que pediu socorro pelo telefone não era seu filho ou filha. Era alguém que se fez passar por ele ou por ela. “Mas a voz era tão parecida com a da Gisele”. Comentará a mãe depois. “Como foi que eles conseguiram saber que minha filha estava saindo da faculdade naquela hora?”. É realmente incrível o que os facínoras estão fazendo. E o que se comenta é que toda essa trama é coordenada de dentro dos presídios, onde bandidos deveriam estar isolados da sociedade, justamente para não continuarem praticando suas ações malévolas.
O curioso é que esse negócio de alguém fingir que é outra pessoa, imitar a voz, citar informações que coincidem com o comportamento, as atividades e até a história de vida dela, com o objetivo de tomar algo precioso de uma terceira pessoa, esse golpe não é novo. Na verdade, ele é muito antigo, toda a vez que alguém “incorpora” algum espírito que diz ser alguém que já morreu, está aplicando o mesmo golpe. Em Deuteronômio, capítulo 18, verso 11, a Bíblia proíbe a consulta aos mortos. Isso significa que já no tempo em que os livros da Bíblia foram escritos existia a tendência ou mesmo a prática de se tentar entrar em contato com os espíritos das pessoas mortas.
É sabido que quando os chamados médiuns dizem ter recebido o espírito de algum morto, eles falam igualzinho à outra pessoa, se comportam como se fossem ela, dizem coisas que só ela e poucas outras pessoas sabiam e, assim, impressionam e captam a confiança de quem se interessa por esse tipo de manifestação. Alguém pode argumentar: “Mas os médiuns não tomam nada de quem os consulta”. Talvez não tomem nada de valor material. Mas tomam algo muito mais precioso: os bens espirituais. Como a Bíblia proíbem terminantemente tal prática (veja Dt 18.11; I Cr 10.13; Is 8.19), que a elas se entregam perdem a comunhão com Deus, consequentemente perdem a paz, a alegria, a salvação. Claro que podem vir a ser salvas, mas terão que deixar as coisas que são abomináveis ao Senhor (Is 55:7). A expressão “espírito familiar” contida na última passagem bíblica citada há pouco, dá a entender que certos seres sobrenaturais acompanham determinadas famílias, podendo imitar seus membros mesmo depois que estes morrem. Como esses tais espíritos familiares não morrem eles podem ficar enganando as pessoas durante muito tempo.
A verdade é que, infelizmente, não podemos impedir que tentem nos enganar, usando essa ou aquela artimanha. Mas devemos fazer o possível para escapar de todo o tipo de engano. Quer sejam tentativas de nos tomar bens materiais ou de nos subtrair as riquezas espirituais. Portanto, tenhamos cuidado com imitações de vozes, hábitos e outras características das pessoas a quem amamos.