Brasília, 26 de agosto de 2007.
Um CD de canções baseadas em coisas engraçadas do cotidiano evangélico contém uma canção que menciona o crente “ceis ora por mim” (o “ceis” é abreviação de “vocês” em linguagem popular). Trata-se de uma crítica bem humorada ao tipo de pessoa que só vive pedindo oração em seu benefício, mas que nunca se dá ao trabalho de orar por si, muito menos pelos outros.
Não há nada de errado em pedir que outros intercedam por nós. Na verdade é até um hábito muito saudável, recomendado pela Bíblia. Em Tiago 5.16 encontramos: “Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”. Antes de mais nada, é preciso entender que as nossas culpas não precisam ser confessadas a uma classe especial de cristão. Tudo o que se precisa é que quem ouve a confissão tenha um mínimo de maturidade para lidar com o assunto que lhe foi confiado. E há situações mais complexas que outras. Mas é possível que tudo o que o irmão ou irmã necessite ouvir seja: “Eu reconheço que prejudiquei você, peço-lhe perdão por isso e estou disposto a fazer o que for necessário e estiver ao meu alcance para reparar o prejuízo”. E pode vir em seguida: “Por favor, ore por mim para que o Senhor me fortaleça na fé e eu não torne a cometer esse erro outra vez”. Um “cê ora por mim” desses não faz mal a ninguém.
Tiago diz que, orando uns pelos outros, somos sarados. Eu creio que isso acontece quando alguém está acometido de uma doença física e pede oração para ficar livre da enfermidade. Jesus disse que curar os enfermos é prerrogativa dos “que crerem” (Marcos 16.17, 18). Então, não é necessário ser pastor ou obreiro, basta crer e “impor as mãos”.
Porém eu creio, também, que podem acontecer curas sem que o intercessor pela isso a Deus. Ocorre que há muitas doenças físicas que têm origem na alma. Uma pessoa pode padecer de insônia, falta de capacidade de raciocinar, falta de apetite, má digestão, fraqueza no corpo, asma, doença cardíaca e outros tipos de males, em consequência de rancor, ou de medo, ansiedade ou de outros estados ruins da alma. Quando a pessoa se abre para alguém, talvez só com a intenção de “confessar suas culpas”, expõe-se a um tratamento que pode consistir de uma simples oração. Após a oração, a alma estará curada e o corpo livre do mal.
É bom ressaltar aqui que não apenas quem ora é abençoado. O intercessor também é. Afinal, ser um instrumento nas mãos de Deus para abençoar a alguém. É uma grande bênção!
À medida que vamos abençoando, vamos sendo aperfeiçoados como filhos de Deus e nossa vida fica cada vez mais feliz.
Agora vou dizer outra coisa a respeito desse negócio de orar pelos outros: isso é algo que devemos fazer, independentemente de sermos solicitados ou não. Em outras palavras, devemos orar, também, pelos que não nos pedem oração. Já que é uma coisa tão boa, porque esperar que nos peçam para fazer?
Que pena que muitos cristãos, quando oram, só pensam em si mesmos! Que pena que, para muitos, a oração consiste somente em “me dá, me dá”, quando não em “eu decreto isto, eu decreto aquilo para o meu benefício”!
Mas que bom que, vez por outra, somos lembrados do quanto é bom orar pelas outras pessoas, pelos nossos amigos e até pelos nossos inimigos. Pelas autoridades, pelo crescimento do Reino de Deus na Terra, incluindo a vida e o trabalho dos missionários! E até pelos crentes “ceis oram por mim”!