Brasília, 5 de março de 2006.
Não existe nada mais importante do que o nosso relacionamento com Deus. como isso é uma coisa que interessante a ambos os lados, Deus nos diz o que pensa sobre o assunto e, portanto, em sua própria Palavra, a Bíblia Sagrada, nos diz quais são as suas exigências.
Uma coisa que os servos e servas de Deus sempre fizeram é pedir coisas ao Senhor, prometendo, em contrapartida, fazer alguma coisa que agradece a Ele. São os chamados “votos”. Por exemplo, Ana fez um voto ao Senhor de que, se Ele lhe desse condição física de ter um filho varão, ela levaria esse filho para servir no templo do Senhor por todos os dias que ele vivesse (I Samuel 1.11).
E por falar em Ana, sabe que a Bíblia contém instruções específicas para os votos das mulheres? Isso está no livro de Números, no capítulo 30, versos 13 a 16: “Todo o voto, e todo o juramente de obrigação, para humilhar a alma, seu marido o confirmará, ou anulará” (verso 13). Isso lhe soa muito machista? Pois é exatamente o contrário. O que se tem aí é Deus defendendo as mulheres dentro de uma sociedade machista. A ideia, aqui é a seguinte: Conhecendo a condição da mulher na sociedade daquele tempo, o Senhor estabelece regras que a protejam e viabilizem seu relacionamento com o criador.
Veja o que dizem os versos 15 e 16: “Porém, se seu marido de dia em dia se calar inteiramente para com ela, então, confirmará todos os seus votos e todas as suas obrigações que estiverem sobre ela; confirmado lhos tem, porquanto se calou para com ela no dia em que o ouviu. Porém, se de todo lhos anular depois que o ouviu, então, ele levará a iniquidade dela”. Aí nós temos um caso de jurisprudência de responsabilidade.
A jurisprudência está estabelecida na base do “quem cala consente”. A mulher fez um voto a Deus, o marido ouviu, ficou calado, ela cumpriu a Deus o que prometeu. Ela fez outro voto, ele calou-se, ela cumpriu o que votou. Ela fez um terceiro voto, ele ouviu, ficou calado, mas depois quis impedir que ela cumprisse seu voto, alegando que não havia dado o seu consentimento. Essa alegação ele não poderia fazer. Sua postura diante dos votos anteriores criou uma coisa que no direito humano se chama “jurisprudência”. Este é um conceito que, até hoje, existe em qualquer sociedade organizada. Basicamente, ele significa que, uma sentença dada diante de uma situação, já define a sentença a ser dada diante de uma situação idêntica que venha a acontecer posteriormente.
Agora, se ele insistisse em anular o voto da esposa, mesmo diante da jurisprudência que foi criada, tudo bem, ele poderia até anular, uma vez que ela, dentro das circunstâncias em que vivia, não tinha como fazer o que queria. Mas quem fica devedor para com Deus era ele e não ela. Observe o detalhe: “Ele levará a iniquidade dela” (final do verso 15). O pensamento central, aqui, é o seguinte: ninguém deve lidar com Deus de maneira leviana. Se uma proposta, feita a Deus, não é cumprida, alguém vai ser responsabilizado por isso. E será responsabilizado quem, de fato, for o responsável.
O verso 10 estabelece: “No tocante ao voto da viúva, ou da repudiada, tudo com que ligar a sua alma sobre ela será válido”. Veja que, nos casos aqui previstos, não se evoca direito de nenhum homem sobre as mulheres, uma vez que elas eram absolutamente autônomas para tomar suas decisões.
Nunca é demais ressaltar que a interpretação da Bíblia deve ser feita com muita atenção e cuidado. Dizer que nesta ou naquela parte há um erro, preconceito, apoio à injustiça, ou coisa que o valha, será sempre fruto da precipitação. A Bíblia é um livro de um Deus que tem um caráter perfeito e é, absolutamente, sábio. Leia a Bíblia com humildade. Leia a Bíblia para aprender. Leia a Bíblia para ser sábio.