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Brasília, 13 de fevereiro de 2005.

TERRÍVEL TRANSFORMAÇÃO

  Judas era um privilegiado. A começar pelo nome, que corresponde ao hebraico “Judá”, significando “Louvor”. Por ser natural da cidade de Queirote era chamado Iscariote o mesmo que “nascido em Queirote”.
  O maior privilégio de Judas Iscariotes foi o de ter sido escolhido por Jesus para ser um dos apóstolos. No grupo dos apóstolos, Judas tinha uma posição de destaque, ocupando um cargo que exigia muita confiança: o de tesoureiro. Ele conviveu com o Filho de Deus diariamente, durante três anos e meio. Ouviu todos os seus sermões e recebeu muitos ensinamentos em particular. Presenciou quase todos os milagres que Jesus operou, e, comissionado por Ele, também realizou muitos milagres.
Lamentavelmente Judas se descaracterizou tanto que acabou se identificando com o próprio diabo. São palavras de Jesus: “Não vos escolhi a vós doze? E um de vós é um diabo”. O escritor acrescenta: “E isto dizia ele de Judas Iscariotes, filho de Simão; porque este o havia de entregar, sendo um dos doze” (João 6.70,71).
  Note que Jesus não afirmou que Judas se tinha transformado num simpatizante do diabo. Nem que ele se transformou num servo do diabo. O detalhe é que ele se tornou em “um diabo”. Que coisa terrível.
  O nome do daibo do grego “Diabolos” significa “caluniador” e refere-se ao chefe de toda a maldade, a pior pessoa que existe. Pois Judas Iscariotes, apóstolo no Senhor Jesus, gostou tanto do diabo que se fundiu com ele.
  Eu não creio que Judas fosse um diabo no dia em que o Mestre o convocou para ser apóstolo. Jesus não chamaria um diabo para andar consigo e ser um de seus representantes. Judas, voluntariamente, entrou num processo que acabou por transformá-lo na personificação do mal. Ele foi se deixando dominar pela avareza, passou a quebrar a confiança que Jesus depositava nele, começou a roubar (João 12.6), passou a ser um murmurador e foi se degenerando sempre. Foi facilitando tanto as coisas para satanás até que, o próprio entrou nele (Lucas 22.3).
  Alguém pode argumentar: “Mas já estava predito pelos profetas que Judas trairia ao Senhor”. Não. Estava predito que um dos seus amigos íntimos O trairia. Poderia ser qualquer um dos apóstolos. Infelizmente, Judas permitiu que a maldição caísse sobre sua vida.
  Paulo que também era apóstolo teve uma conversão maravilhosa (Atos 9.1-18) viu a Jesus pessoalmente (Atos 23.11, etc.) dói até arrebatado para o céu (II Coríntios 12.1-6), deu-nos o seguinte testemunho: “Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar. Antes subjugo o meu corpo, e o reduzo à servidão, para que pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (I Coríntios 9.26,27). Veja que ele está admitindo a hipótese de perder-se, de ficar reprovado, mesmo sendo apóstolo. E olhe que ele também declarou, em Gálatas 1.15 que foi separado por deus desde o ventre de sua mãe! Deus, então, o separou para ser apóstolo antes mesmo de haver nascido, mas, se ele não se cuidasse, poderia colocar tudo a perder.
  Outro que foi chamado por Deus antes de haver nascido foi o profeta Jeremias. Em seu livro, no capítulo 1º, verso 5, está escrito: “Antes que se formasse no ventre te conheci, e antes que saísses da madre, te santifiquei; as nações te dei por profeta”.  Mas muitos profetas se perderam e muitos continuam perdendo-se, infelizmente. Portanto, todos nós, ocupantes de posição de liderança na Obra de Deus ou não, precisamos estar alertas. Cuidemo-nos para que o inimigo de nossas almas não venha encontrar espaço em nossas vidas. O perigo é que a dúvida penetre em nossos corações, como aconteceu com Adão e Eva (Gênesis 3.5, 6), depois nos tornemos murmuradores, como Mirian (Números 12.1-10), e cheguemos até a ser idólatras, como aconteceu com Salomão (I Reis 11.1-6). O abismo é muito fundo: Judas, apóstolo de Jesus tornou-se num diabo! Que Deus nos guarde de tudo isso dando-nos a graça de ser vigilantes e fiéis a ele sempre. Amém.