plv0382

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Brasília, 10 de outubro de 2004.

SENTIMENTOS IMPERFEITOS

  É pecado amar. É necessário odiar. Temos que ter tristeza. A alegria faz mal.
  Eu já sabia dessas coisas. Porém, um detalhe do verso 6, do capítulo 11 do 1º livro de Samuel reforçou a minha convicção. O verso diz assim: “Então o Espírito de Deus se apoderou de Saul, ouvindo estas palavras, e acendeu-se em maneira a sua ira”. Viu só? A expressão da presença do Espírito de Deus naquele homem foi a ira. Se a ira veio de Deus, então ficar irado é uma boa  coisa.
  Veja este outro versículo aqui: “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (I João 2.15). Aí está um mandamento para não amar. Amar faz mal.
  A esta altura o meu leitor já sabe onde eu quero chegar. O raciocínio é o seguinte: Amar ou odiar é bom ou ruim, dependendo daquilo que se ama ou se odeia. O que nós precisamos é amar as coisas que Deus ama e odiar as que ele odeia. Devemos nos entristecer diante das coisas ruins e nos alegrar diante do que é, realmente bom.
  A Bíblia diz que Deus é amor (I João 4.8), mas também nos informa que ele é um Deus que se ira todos os dias (Salmos 7.11).
  Voltando ao primeiro versículo que citei, I Samuel 11.6, ali vemos que Saul ficou irado contra os amonitas porque eles queriam humilhar o povo de Deus. Na verdade, se eles conseguissem o que queriam, o próprio Deus de Israel ficaria desmoralizado. Foi por isso que a ação do Espírito de Deus veio em forma de ira. Era ira contra um povo idólatra e perverso. No fundo, no fundo, era ira contra os altos daquele povo.
  Nessa passagem bíblica eu aprendo mais outra coisa. Quando nossos sentimentos estão posicionados na direção correta, devem nos conduzir a atitudes e ações corretas. Não basta sentir: é preciso fazer algo. No caso de Saul, ele não ficou só vermelho de raiva, bufando e esbravejando. Ele tomou providências. Fez uma convocação veemente, montou um exército, lutou e venceu. Depois foi festejar. O capítulo termina com as seguintes palavras: “Saul se alegrou muito ali com todos os homens de Israel”. Ou seja, começou com ira, mas terminou com alegria.
  Quem se ira pelos motivos corretos, mas não toma nenhuma atitude prática, pode acabar morrendo de raiva, literalmente. Mesmo a “raiva santa” não pode ficar no nosso coração por muito tempo. Está escrito em Efésios 4.26: “Irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira”.
  Igualmente o amor deve ser expresso em coisas práticas. Senão, não é, verdadeiramente, amor. Quem só fala em amor, mas não exercita o amor, acaba não vivendo o amor. Como diz I João 3.18: “Meus filhinhos, não amemos de palavra nem de língua, mas por obra e em verdade”. É isso aí: é proibido amar…de mentira.

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