plv0375

plv0375

Brasília, 15 de agosto de 2004.

DESCENDO RÁPIDO

  Vinte e dois mil homens armados descem as montanhas. Descem correndo. É forte o ruído de seus passos e uma nuvem de poeira os acompanha.
  Você já deve ter visto algo parecido com isso em algum filme. “Aí vão os valentes, o combate lá em baixo vai ser terrível”, pensa você.
  Quando você vir esse quadro, lendo Juízes 7.3, não pense assim. O apropriado é pensar: “Aí vão os covardes. Eles estão fugindo da guerra”. Aqueles guerreiros estão atendendo ao seguinte comando: “Quem for covarde e medroso, volte”. O detalhe curioso é que o comandante ordenou que eles saíssem rápido: “Vá-se apressadamente das montanhas de Gileade”.
  Não é o quadro terrível dos valentes descendo a montanha em direção ao combate. É a cena tragicômica dos medrosos fugindo morro a baixo!
  Justiça seja feita: aqueles homens estão obedecendo a uma ordem. Mas que ordem! Como é que alguém pode dar tal voz de comando a uma tropa? Agora temos que fazer justiça ao comandante: ele está seguindo um princípio bíblico. Nas leis da guerra, descritas no capítulo 20 do livro de Deuteronômio, estava previsto este procedimento. No verso 8 está escrito: “E continuarão os oficiais a falar ao povo, dizendo: qual é o homem medroso e de coração tímido? Vá, e torne-se à sua casa, para que o coração de seus irmãos se não derreta como o seu coração”.
  Voltando, então, a Juízes 7.3, os covardes foram dispensados para que não contagiassem aos seus companheiros. Medo é contagioso. O melhor mesmo é não ter medo. A Bíblia diz, em Provérbios 24:10: “Se te mostrares frouxo no dia da angústia, a tua força será pequena”. A segunda melhor alternativa, na hipótese de não se poder impedir que o medo apareça, é vencer a insegurança. Como diz Joel 3.10: Diga o fraco: eu sou forte. Ou, como em Hebreus 11.34, tirar forças da fraqueza.
  Contudo, se alguém não consegue superar o medo, pelo menos não desencoraje os outros. Nada de ficar choramingando, dizendo que não vai dar certo, que tudo vai se acabar. Se não tem coragem, não pode crer no sucesso da empreitada, então sai de perto de quem tem vontade de lutar.
  Gideão disse ao grupo dos medrosos: “Vá-se apressadamente das montanhas de Gileade”. Era para sair correndo. Covardes correndo, esta é muito boa! Se eles nunca haviam corrido antes, naquele dia teriam que fazê-lo. Mas por quê? Porque, quanto mais tempo ficassem por ali, maior seria o estrago que produziriam. Cada minuto da presença deles seria prejudicial. Então, já que teriam de sair que saíssem logo. Muito ajuda quem não atrapalha. Quanto menor a atrapalhação, maior a ajuda.
  Havia outra razão para os medrosos descerem “apressadamente”. Como a caminhada era para baixo, eles poderiam pensar que dispunham de todo o tempo do mundo e, aí, iriam bem devagarzinho. Os inimigos chegariam, os encontrariam pelo caminho e acabariam com eles. A conclusão é esta: até para desistir de um combate precisamos ser decididos. A indecisão, muitas vezes, trabalha contra nós. Se quisermos combater, vamos à luta. Se não queremos entrar em determinado combate, vamos logo fazer outra coisa. Não se pode ficar, a vida toda, “chove não molha”. Ou vai ou fica.
  A guerra de Gideão não transcorreu, toda, nas montanhas de Gileade. Ali se tomaram decisões e se realizaram as atividades básicas para um grande empreendimento. Depois, muita coisa aconteceu. Os versos 23 e 24 do mesmo capítulo 7 do livro de Juízes nos dizem: “Então os homens de Israel, de Naftali, e de Aser e de todo o Manasses foram convocados, e perseguiram aos midianitas. Também Gideão enviou mensageiros a todas as montanhas de Efraim, dizendo: Descei ao encontro dos midianitas, e tornai-lhes as águas até Bete-Bara, a saber, o Jordão. Convocados, pois, todos os homens de Efraim, tornaram-lhes as águas até Bate-Bara e o Jordão”.
  É possível que muitos dos vinte e dois mil que abandonaram o combate no começo, tenham prestado sua ajuda no final. Há sempre uma segunda, terceira e até quarta chance. Se você teve que desistir de algum combate, isso não quer dizer que não possa ser útil de outra forma ou em outro tempo. Refaça-se, prepare-se e aguarde sua nova chance. Quando ela chegar, mãos à obra. Grandes vitórias aguardam ali na frente. Amém.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *