Brasília, 27 de junho de 2004.
Lá no tabernáculo e, posteriormente, no templo em que os israelitas prestavam culto a Deus, havia um fogo contínuo. Era no altar em que eles queimavam os animais que ofereciam ao Senhor.
Havia uma ordem expressa: “O fogo arderá continuamente sobre o altar; não se apagará” (Levítico 6.13). Então, de dia e de noite, em todos os dias da semana, o fogo permanecia aceso.
As pessoas estavam sempre trazendo animais e outras coisas para serem queimadas sobre o altar. Os sacerdotes, pacientemente preparavam tudo, punham mais lenha no fogo e queimavam aquilo que era ofertado para Deus. Dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano. Haja material para ser queimado e haja lenha.
Bem, muita lenha no fogo, muito material sendo queimado, tudo isso produz muita cinza também. Com o tempo não dá para acender mais fogo nenhum. Como é que eles resolviam este problema? É aí que vem o detalhe. Em Levítico 6.10, 11: “E o sacerdote vestirá a sua veste de linho, e vestirá as calças de linho sobre a sua carne, e levantará a cinza quando o fogo houver consumido o holocausto sobre o altar, e a porá junto ao altar. Depois despirá as suas vestes, e vestirá outras vestes; e levará a cinza fora do arraial para um lugar limpo”.
Viu só? A cinza era retirada e levada para longe. Dava um bom trabalho, mas tinha que ser feito. E era o sacerdote que o fazia. Tão importante como oferecer o sacrifício era tirar as cinzas depois.
Sabe, é muito importante que nós reflitamos sobre esse detalhe.
Quando oferecemos alguma coisa a Deus, sobressai-se o que é belo, agradável, alegre. Mas sempre sobra alguma cinza: algo que não andou bem, algum detalhe desagradável.
Você prepara uma canção para apresentar e na hora “H”, algum equipamento falha, sua voz não está como você gostaria, você se perde em algum detalhe. Deus aceitou seu louvor, as pessoas foram abençoadas, mas você não ficou plenamente satisfeito. Esse pequeno aborrecimento são as cinzas.
Você se dedica a alguma atividade com o objetivo de servir a Deus. Faz o melhor que pode se sacrifica. Mas alguém deprecia o seu trabalho. Surge alguma crítica destrutiva. Você sabe que fez algo útil. Sabe que, para Deus e para outras pessoas, realizou um trabalho valioso. Mas ficou uma tristezinha no coração. São as cinzas.
E assim é: quem serve a Deus está sujeito a deparar-se com gratidões, incompreensões, frustrações. Tudo isso pode nos deixar um gosto amargo na boca, uma dor no coração, uma lembrança triste. São cinzas do serviço ao Senhor.
Se não formos capazes de remover as cinzas, com o tempo não conseguiremos mais fazer nada para glória de Deus.
Vale a pena qualquer esforço para apagar da memória toda a recordação desagradável, para tirar do coração todo sentimento ruim, para buscar e conceder perdão. Vale a pena e é necessário remover as cinzas do altar. Se não o fogo não pega!