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Brasília, 16 de maio de 2004.

O NOME ERRADO

  “Se isto não for assim mudo o meu nome”. Você já ouviu um juramento como esse? Não é raro encontrar alguém que dê esse tipo de garantia para a veracidade daquilo que está afirmando. Agora imagine que a tal coisa não seja verdade: se o proponente levar seu juramento a sério, vai ter que escolher outro nome para si. E toda vez que ouvir seu novo nome vai se lembrar da bobagem que fez. De uma coisa ele nunca vai se esquecer: nós sempre somos sujeitos a cometer equívocos. Muitas vezes pensamos que estamos certos, mas estamos errados.
  Há, na Bíblia uma pessoa que quis mudar seu próprio nome, não como consequência de um juramento, mas para expressar os desacertos de sua vida. Seu nome era Noemi, palavra hebraica que significa “agradável”. A proposta dela foi: “Não me chameis Noemi chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo Poderoso” (Rute 1.20). O nome Mara significa Amarga.
  A proposta de troca de nome, feita por Noemi, continha dois grandes alvos. O primeiro foi atribuir a Deus a responsabilidade pelas desgraças de sua vida. Veja o detalhe: “Porque grande amargura me tem dado o Todo Poderoso”. Realmente, muita coisa ruim havia acontecido com Noemi. Ela havia perdido o marido, os dois filhos e todos os seus bens materiais. Mas, Deus não era culpado de nada disso.
  O uso do nome “Todo Poderoso” para referir-se a Deus é sintomático. A lógica é a seguinte: se Deus tem todo o poder, então ele poderia evitar que o mal acontecesse. Podia-se e não evitou, foi porque não quis. Mas é uma lógica falsa quando Deus resolveu criar os anjos e os homens como seres dotados de livre vontade, Ele, Deus, impôs a Si mesmo determinados limites. Uma frase que resume bem esta situação é: “Deus pode fazer tudo o que quer, mas não quer fazer tudo o que pode”.
  Se nós tivéssemos liberdade apenas para fazer o bem, então não seríamos realmente livres. A maior prova de que os seres pessoais foram criados livres é o fato de que muitos anjos e homens desobedeceram, e ainda desobedecem, a Deus. agora, recebemos as consequências de nossos atos, mas este já é outro aspecto da questão.
  Muitos dos nossos sofrimentos são consequências dos nossos erros. Muitas vezes, também, sofremos as consequências dos erros de outras pessoas. O exemplo clássico é o do chamado “fumante involuntário”; ele não fuma, mas, convivendo com fumantes, acaba aspirando a fumaça produzida por estes e, em consequência disso, adoece. Paga pelo vício dos outros.
Quantas vezes alguém que anda certinho no trânsito sofre por causa de erros de maus condutores? E quantos fetos padecem em consequência de vícios e outros erros de suas mães?
  Alguém pode dizer: Deus poderia ter evitado tudo isso se tivesse criado os anjos e os homens sem liberdade para pecar ou até mesmo se nem os tivesse criado. Mas quem somos nós para dizer a Deus como e o que Ele deve criar? Agora que estamos criados e somos como somos, conduzamo-nos da melhor maneira possível. Uma coisa é certa: uma vida conduzida de maneira inteligente e responsável será sempre melhor do que se fosse vivida na base do fatalismo ou da irresponsabilidade.
  Outro erro de Noemi foi ignorar que sua sorte poderia mudar para melhor. A vida para ela, naquela fase, estava amarga e ela imaginou que iria ficar assim pra sempre. Se ela mudasse seu nome para “Amarga” significaria que a amargura não a deixaria mais.
  Que esperança poderia ter uma mulher que perdeu o marido, os dois filhos e que estava na “estaca zero” em plena velhice? Se ela se conscientizasse do significado e realidade da Onipotência de Deus, nunca perderia a esperança.
  Noemi perdeu o marido e os filhos, mas ficou com uma nora cujo nome era Rute. Essa nora era uma lembrança dos tempos felizes do passado ao mesmo tempo que era provavelmente, uma recordação dos erros cometidos. Rute era moabita e um israelita como eram os filhos de Noemi, não poderia se casar com ela. Mas o filho de Noemi se casou, morreu, e Rute era tudo o que Noemi possuía. Pois foi ela o instrumento que Deus usou para mudar toda a sorte de Noemi e lhe dar um final de vida feliz. Leia o livro de Rute para ver que linda história ele contém.
  A mudança de nome de Noemi para “Mara” não “pegou”. Ainda bem! A vida ficou agradável para ela. A vida será sempre agradável para quem não perde a esperança em Deus. Amém.

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