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A INTEGRIDADE DO OBREIRO

I. INTEGRIDADE EM RELAÇÃO À DOUTRINA

1. Introdução
  a) Conceituando integridade
A raiz da palavra integre que significa “inteiro”, “completo”, “perfeito”. A integridade está para o caráter do indivíduo ou da empresa como a saúde está para o corpo ou como a visão perfeita está para os olhos. Uma pessoa íntegra não é dividida (o que é duplicidade) nem fingida (o que é hipocrisia). É “inteira”, a vida harmoniosa e todas as coisas operam em harmonia. Pessoas íntegras nada têm a esconder e nada temem. Suas vidas são livros abertos. São inteiras (1).
• Referências bíblicas: Jó 1.1, Sl 51.10, II Co 13.11, Ap 3.2.
  b) Conceituando doutrina
“1. Conjunto de princípios que servem de base a um sistema religioso, político, filosófico, cientifico, etc. 2. Catequese cristã. 3. Ensinamento, pregação…6. Regra, preceito, norma” (2).
• Referências bíblicas: Jo 7.16, At 2.42.
  c) Ressaltando a importância do tema
A doutrina cristã, segundo o seu próprio Autor, é pra ser vivida, não apenas ouvida (Mt 7.24-27) ou confessada (Lc 6.46). Deixar de ser íntegro, em matéria de doutrina cristã, é deixar de ser cristão.
Certo pregador disse: “Você não pode ser metade cristão e metade outra coisa qualquer”.
2. A integridade em entender o que seja doutrina
Chamar de doutrina aquilo que, de fato, não é, é deixar de ser íntegro. Se tal acontece por má fé ou comodismo, há desonestidade. Se acontecer por ignorância, há negligência (Hb 5.12), salvo raras exceções.
• Referencias: At 15.1-2, Gl 2.11-15, 3.1-2, 4.17-20, I Tm 4.1-16, Tg 1.22-27, II Pe 2.1-10, Ap 2.14, 14.20.
Nota: nas Assembleias de Deus, no Brasil, há o erro comum de se confundir costumes com doutrinas. Sem entrar no mérito de se eles são bons ou não, a verdade é que eles não são doutrinas. Eles podem representar nossa maneira particular de viver as doutrinas bíblicas, mas eles não são as doutrinas em si mesmos. Por exemplo, é doutrina bíblica que os cristãos vivam em comunhão e que na Ceia do Senhor essa comunhão seja reforçada. Essa é a doutrina. Como implementar, como viver essa doutrina? Por muito tempo (e até hoje em certos lugares) achou-se que se devia fazer isso tomando os crentes o vinho no mesmo copo. Com o tempo, a maneira de viver aquela doutrina, mudou.
3. Integridade em defender a verdadeira doutrina
Doutrinas falsas sempre existiram e vão existir (conferir na epístola de Judas, por exemplo). Contudo, em nossos dias, todas as antigas falsas doutrinas têm voltado, disfarçadas e novas aberrações teológicas têm surgido (3). Como o ser humano, em sua natureza decaída, têm a tendência de gostar de enganar e de ser enganado (II Tm 3.13), as heresias que conseguem se disfarçar bem, fazem um sucesso tremendo (4). A tentação é muito forte pra quem vive sofrendo em sua fidelidade (II Tm 3.10-12). Defender a verdade, muitas vezes, significa ser antipático, significa ser rejeitado, significa viver em pobreza material. O próprio Jesus passou por esse dilema, lá no deserto (Mt 4.8-9). Mais tarde, nosso Mestre foi submetido à mesma tentação, só de forma mais sofisticada (Mc 10.17-22).
4. A integridade em defender a doutrina verdadeira de maneira correta
Há um antigo dilema ético, que é colocado nos seguintes termos: “Os fins justificam os meios?”. Talvez, mais do que nunca em toda a história, necessitamos refletir sobre essa questão. Por exemplo, é válido prostituir-se na tentativa de salvar a prostituta? Pessoalmente, eu acho que adotar a postura de que os fins justificam os meios é cair numa perigosíssima armadilha. O perigo começa na própria definição de qual seja realmente as motivações de uma pessoa (Jr 17.9).
Tentar defender o que se pensa ser a doutrina verdadeira, torcendo as Escrituras, ocultando verdades, é faltar integridade. Nunca se pode defender a verdade com mentiras, a pureza com a impureza, a mansidão com a violência.
• Referencias bíblicas: Sl 19.12-13, 139.23-24, II Co 13.8, II Co 6.7

II. INTEGRIDADE EM RELAÇÃO À FAMÍLIA
1. Integridade em estabelecer prioridades de maneira correta
Em nosso interesse pela Obra de Deus, geralmente nós a colocamos acima de tudo, inclusive do próprio Deus. A obra de Deus passa a ser para nós mais importante que o Deus da obra. O pastor incentiva os crentes para que orem, mas ele mesmo quase não ora. Não têm tempo. Incentiva a todos para que leiam a Bíblia, mas ele mesmo não a lê.
Talvez, justamente porque lê pouco a Bíblia, muitos pastores não dão à família a prioridade correta. A prioridade deles é: primeiro a Obra, em segundo Deus, se sobrar tempo, e, por último, a família. Quem faz isso não é íntegro. Não é isso o que Deus espera de nós.
Para sermos íntegros, nossa escala deve ser: primeiro Deus, segundo a família e terceiro a obra.
Sem Deus, nós não servimos para nada, muito menos para a Obra. Um obreiro com a família desmantelada terá muita dificuldade no serviço do Senhor e pode chegar a ser um problema ao invés de ser uma bênção.
Questões para reflexão: 1) Quando um pastor é traído pela esposa, será sempre justo atribuir a ela toda a culpa? 2) Um pastor que não dá atenção aos seus filhos, realmente ama as ovelhas? 3) Será uma estratégia inteligente ter uma fase do ministério super bem sucedida, seguida de fracasso total com um filho drogado? Filha prostituta, esposa vivendo com outro homem, etc?
• Referências bíblicas: I Tm 3.1-16, 5.8, Ef 25.25, 6:4.
2. Integridade em ser coerente com o que diz ser prioridade
Uma coisa é dizer, a outra é fazer. É chique dizer que a família é importante. Mas, na prática, será que estamos sendo coerentes com o que pregamos? Há, realmente, espaço em nossa agenda para brincar com os filhos, para passear com eles? E, em relação à esposa, até que ponto ela não passa de uma simples empregada doméstica, que só tem obrigações a cumprir e jamais tem a oportunidade de receber uma atenção especial como pessoa humana para ela, não estaremos sendo íntegros.
• Referencias bíblicas: Mt 5.37, Mt 23.3, Mt 21.28-32
3. Integridade em conduzir de maneira correta e equilibrada os relacionamentos familiares
A integridade do obreiro em relação À família começa com a atenção que ele dá a si mesmo. Um obreiro que se entrega de tal forma à Obra, a ponto de não poder se alimentar, descansar e ter outros cuidados com sua saúde acabará destruindo ao chefe de sua família, que é ele mesmo, o que não é justo. No outro extremo está aquele que só se lembra de si mesmo, se esquecendo das necessidades de sua esposa, tanto físicas, como afetivas, esquecendo-se das necessidades dos filhos e até da igreja. Às vezes falta integridade nesta parte também.
Outra forma de desequilíbrio e falta de integridade é o endeusamento da família, em prejuízo dos compromissos com a igreja e com o próprio Deus.
Há casos que o obreiro dá toda a atenção do mundo aos filhos, esquecendo-se da esposa ou vice-versa. Nunca é demais ressaltar que o equilíbrio é uma das mais importantes virtudes da vida cristã (5).
• Referências bíblicas: I Tm 4.16, I Co 3.17, I Pe 3.7, Pv 27.23-27
4 Integridade de dar à família dos outros o que espera receber para a própria família
Ninguém pode dizer que valoriza realmente sua família, se não valoriza a instituição familiar. Se quero que os meus filhos e esposa sejam tratados com respeito, devo dar aos membros das famílias alheias esse mesmo tratamento. Expor os membros da igreja ao ridículo, desrespeitar sua privacidade, de maneira direta ou indireta, através dos célebres desabafos, é uma forma de não ser íntegro para com a família.
• Referências bíblicas: Mt 7.2,12, Lc 6.38

III. BIBLIOGRAFIAS
1. A crise de integridade – Warren W. Wiersbe, Editora Vida
2. Novo dicionário da língua portuguesa – Editora Nova Fronteira
3. A sedução do cristianismo – Dave Hunt e T. Mc Mahon – Editora Chamada da Meia Noite
4. Cristianismo em Crise – Hank Hanegraaff – CPAD
5. A busca do caráter – Charles Swindoll – Editora Vida

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