Brasília, 30 de novembro de 2008.
No início do capítulo 13 do Evangelho escrito por Lucas, encontramos Jesus comentando acontecimentos que, se já houvesse imprensa naqueles dias, estariam nas manchetes dos jornais. Uma das “matérias” referia-se a um incidente político-religioso. Pilatos, o representante dos dominadores romanos na Judéia, havia mandado matar alguns galileus enquanto estes ofereciam culto a Deus. O sangue dos ofertantes foi misturado ao sangue dos animais que ofereciam em sacrifício. Que coisa trágica! A outra “matéria” que Jesus comentou foi um acidente terrível; dezoito pessoas haviam morrido ao cair sobre elas a torre de Siloé. O que Jesus mais quis deixar claro nos comentários que fez sobre aqueles acontecimentos foi isto: as vítimas daquelas tragédias não eram mais pecadoras do que as demais pessoas de seu tempo, ou seja, tragédias podem acontecer com qualquer pessoa.
Não posso deixar de pensar nos primeiros versículos do capítulo 13 de Lucas quando leio e vejo as reportagens sobre as enchentes que têm-se abatido sobre os moradores de várias cidades do estado de Santa Catarina neste final de 2008. Que situação triste! Milhares de casas, com tudo que têm dentro, têm sido arrastadas pelas águas. Da noite para o dia as famílias perdem tudo o que possuem. Mas o mais triste ainda não é isso. Pior é a perda de entes queridos, entre os quais se encontram muitas crianças. Houve casos em que, de uma família de várias pessoas, só uma escapou. Como fica a alma de uma pessoa dessas?
O estado de Santa Catarina é um dos mais belos e prósperos de nosso país. Casas belíssimas, carros de luxo, bens caríssimos têm sido levados pela enxurrada. Quanto maiores são as posses, maiores também são as perdas.
Oremos por nossos patrícios de Santa Catarina. Peçamos a Deus que faça cessar as chuvas. Intercedamos pelas autoridades federais, estaduais e municipais para que ajam com eficiência e presteza no sentido de minorar o sofrimento das famílias catarinenses e de restaurar, o quanto antes e da melhor maneira possível, o que foi destruído. Procuremos, também, ajudar com doação de roupas, remédios, água potável, comida, e com tudo o mais que estiver ao nosso alcance. Sejamos instrumentos de Deus para socorrer às pessoas e famílias atingidas pela catástrofe.
Amigos, o “dilúvio catarinense” tem algo muito importante a nos ensinar: já que uma coisa daquelas pode acontecer com qualquer um de nós, não ponhamos nosso coração nos bens materiais. Na Califórnia, neste ano, como em quase todos os últimos anos, são os incêndios que destroem casas, carros e vidas. Outros lugares são castigados por terremotos, tsunamis, vulcões, bombas. E, repetindo, tragédias podem se abater sobre qualquer região deste mundo e a qualquer momento. Portanto, valorizemos aquilo que realmente vale a pena: os relacionamentos familiares (podem ser interrompidos a qualquer momento), a fraternidade e, acima de tudo, o relacionamento com Deus. Mais cedo ou mais tarde, tudo aqui vai terminar. Um dia, cada um de nós vai se separar de todos os bens materiais que consegui ajuntar. Os vínculos familiares, amorosos (exceto os de cunho espiritual), de amizade ou de qualquer outra natureza física, serão rompidos. Os vínculos estabelecidos a partir da nossa comunhão com Deus, inclusive com o próprio Deus, permanecerão para sempre. Construamos esses vínculos, cultivemos esses vínculos, desfrutemos esses vínculos, agora e para sempre.
“O mundo passa, e a sua concupiscência, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre” (I João 2.17).