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Brasília, 31 de agosto de 2008.

MISSÕES COMO DEVEM SER

  Piadinha que li recentemente em algum lugar: “Egoísmo é as pessoas não pensarem em mim”. Esta é uma situação bem do tipo das que apresento em meu livro “Sorrindo e aprendendo”. Dá pra aprender alguma coisa aqui. E, em resumo, a lição é esta: Não se pode combater o egoísmo com uma atitude egoísta.
  Vamos mais fundo nessa questão. Vamos falar da evangelização do mundo. Lembremo-nos de que o Brasil é um dos países com o maior contingente de evangélicos do mundo, tanto em termos absolutos como em termos proporcionais. Mas tudo o que somos devemos aos irmãos que vieram de outros países. Há séculos atrás, quando isso aqui era um dos lugares mais difíceis para se viver, eles deixaram suas práticas, famílias, empregos, tudo enfim, para trazer a bênção do evangelho para nós.
  O detalhe trágico e cômico é que os missionários que evangelizaram o nosso país amavam tanto esta terra que aprendemos com eles a amar…o Brasil. Eles nossa falaram tanto da situação terrível em que nos encontrávamos, quando estávamos sem Cristo, que nós ficamos pensando que somos o povo mais carente do evangelho que há no mundo. Passamos décadas e décadas recebendo as bênçãos que os missionários nos trouxeram de outras terras e continuamos querendo mais. Hei, será que dá para parar de pensar em nós mesmos e começar a pensar em tantos povos no mundo que nunca tiveram as mesmas oportunidades que nós?
  Muitos perguntam: porque nos preocupar com a evangelização de outros povos quando há tanta necessidade em nosso próprio país? Essa pergunta abriga dois grandes equívocos: Primeiro, se aqui há muita necessidade, lá fora as necessidades são muito maiores. Segunda, não é necessário deixar de atender as necessidades do Brasil para socorrer outros povos. “É, mas a Bíblia diz que nós devemos evangelizar primeiro em Jerusalém e, depois que a nossa cidade estiver completamente evangelizada, poderemos evangelizar Judéia, depois Samaria e, quando todos os que vivem próximos de nós estiverem evangelizados é que poderemos ir ao confins da terra”. Hei, em que Bíblia isso está escrito? Deve ser na Bíblia dos egoístas e tolos. A Bíblia de gente séria diz que devemos ser testemunhas de Jesus Cristo “tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”. “É, tanto como”, não é “e depois”. É testemunhar em nossa cidade “tanto como” ou ”ao mesmo tempo em que”, em nossa região e país e até aos confins da terra. Dá para fazer e é bom que façamos. A evangelização de outros não impede, nem mesmo prejudica, a evangelização de nosso país. Pelo contrário, ajuda. Uma igreja que faz missões transculturais exercita mais sua fé, ora mais, tem mais prontidão para contribuir financeiramente, enfim, fica mais preparada para evangelizar sua cidade, sua região e seu país.
  “Ah, mas esse negócio de fazer missões estrangeiras é tão caro e nós somos tão pobrezinhos! Tadinhos de nós”. Aí está outra atitude absolutamente equivocada. Quando os países que nos evangelizaram vieram até nós, eles atravessavam dificuldades econômicas e sociais como as que temos hoje. Eles não fizeram a Obra Missionária porque tinham dinheiro sobrando. Eles vieram até nós movidos pela fé. É assim que devemos trabalhar: confiando em Deus. É assim que a Bíblia diz que devemos agir. E nós devemos fazer Missões do jeito que Deus quer.