Brasília, 21 de outubro de 2007.
Antigamente, quando alguém abraçava a fé evangélica, dizia-se que ele ou ela “passou pra lei dos crentes” ou que “passou pra ser crente”. Também, em algumas épocas e lugares, dizia-se que a pessoa “agora é Bíblia”.
Espera-se que uma pessoa, ao declarar publicamente sua crença no Evangelho de Jesus Cristo, esteja recebendo, efetivamente, sua salvação. Jesus chama essa experiência de “novo nascimento” (João 3.3). Pedro chama isso de “converter-se” (Atos 3.19). Paulo disse que a pessoa torna-se “nova criatura” (II Coríntios 5.17).
Coube a Lucas, escritor dos Atos dos Apóstolos, registrar o aparecimento e o crescimento da Igreja, a vinda de judeus e gentios para fazerem parte dela. Há em seu livro vários episódios dessa natureza. Por exemplo, no capítulo 11 a Igreja se estabelece na cidade de Antioquia. No verso 21 ele diz: “E grande número creu e se converteu ao Senhor”. Esse grande número de adesões mexeu com a liderança da Igreja: “E chegou a fama destas coisas aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém; e enviaram Barnabé à Antioquia” (verso 22).
Com a chegada de Barnabé, excelente obreiro, à Antioquia, mais pessoas se converteram. Aí, ao invés de dizer que houve mais conversões, ou que a quantidade de crentes aumentou. Lucas nos diz que “muita gente se uniu ao Senhor” (verso 24). Gostei desse detalhe. Somente nesta passagem bíblica encontramos tal expressão.
Então, converter-se a Jesus também é “unir-se ao Senhor”. Esta é uma expressão que tem um significado muito profundo. Para entendê-la temos que refletir sobre os acontecimentos de Atos 11.
Deus ama a todos os povos. Durante muito tempo pensava-se que Ele amava apenas ao povo judeu. Quando a igreja que estava em Jerusalém, constituída só de judeus, descobriu a amplitude do amor do Deus de Abraão, ela não se deixou dominar pelos ciúmes: abriu seu coração e se dispôs a amar o povo de Antioquia e aos demais povos; uniu-se ao Senhor em sua capacidade ilimitada de amar.
Deus expressa o seu amor, não apenas em palavras, mas também ações. Na pessoa de seu Filho, Unigênito Ele veio ao mundo, tomou forma humana viveu o dia-a-dia de um homem pobre, sofreu tentações, dores físicas e até a morte, tudo isso como expressão do seu amor. Ele fez tudo o que lhe competia fazer para que o ser humano se beneficiasse do seu amor. Mas seu objetivo não é alcançado se homens e mulheres, movidos pelo mesmo amor que Ele tem, não estiverem dispostos a expressar o amor de maneira concreta.
Os apóstolos e seus seguidores uniram-se ao Senhor no trabalho em prol da salvação das pessoas que viviam em Antioquia. Enviaram Barnabé para lá. Assim, eles estavam se dando, materializando o amor com a presença física e o trabalho de um seu representante. No amor que se dá e trabalha a igreja de Jerusalém se uniu ao Senhor.
O amor de Deus flui em direção a cada ser humano. Para que tenha sua expressão completa, é necessário que o amor de Deus encontre ressonância no coração humano. Caso contrário, ficará como uma semente colocada em uma rocha nua: não germinará, ainda que o princípio da vida ali esteja.
O coração das pessoas de Antioquia foi permeável ao amor de Deus. o amor de seus corações ministrou-se com o amor do coração de Deus. o amor fundiu-se ao amor. Houve uma união de amor. Que bom que isso aconteceu com muita gente. Muita gente uniu-se ao Senhor.
A igreja que nasceu em Antioquia tornou-se uma grande promotora do amor de Deus para o mundo todo. Não podia ser diferente. Quando nos unimos a Deus em amor, nossas impossibilidades são absorvidas pelas ilimitadas possibilidades d’Ele e coisas gloriosas acontecem.