Brasília, 14 de outubro de 2007
“É fácil de entender, tão claro como a luz. Em meu lugar, pra me salvar, Jesus morreu na cruz…”
Minha esposa, ainda bem pequena, gostava de cantar essa canção na igreja. Quando chegava a parte que diz “meninos, sem demora, abraçai a salvação”, ela inclinava o corpo pra frente e puxava as saias para os lados com ambas às mãos. Em sua mente infantil, “abraçai a salvação” equivalia a “abra a saia salvação”.
Os irmãos dela nem podem “pegar no pé” porque tinha um deles que cantava “deixa a preda entrar na luz” ao invés de “deixa penetrar na luz”. Um outro, em lugar de cantar “por Adão o pecado no mundo entrou”, cantava “peladão o pecado no mundo entrou”.
Eu imagino que todas as famílias tenham estórias semelhantes a essas para contar. Sim, porque toda criança, em seu esforço para interpretar o mundo dos adultos, acaba por criar situações engraçadas.
Já nas igrejas, são os novos convertidos que, às vezes, provocam risos nos crentes mais antigos. Eles têm esse direito porque, no aspecto espiritual, são crianças. Ouvi falar de um que pediu para igreja cantar o hino que falava do “santo que comeu a areia da praia”. As gargalhadas explodiram quando alguém se deu conta de que ele se referia à frase “tantos como a areia da praia”.
E se a dificuldade fosse só no falar…os imaturos não só falam como fazem muita bobagem. Quem não está passando, já passou por isso.
Comparando a vida espiritual com a vida física, o apóstolo Paulo escreveu: “Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino” (I Co 13:11).
O que não pode acontecer é a pessoa deixar de amadurecer, ou ela, deixar de crescer intelectual e espiritualmente. Por mais que achemos lindas as nossas crianças, ninguém quer que seu filho fique criança por toda a vida.
O escritor aos Hebreus não gostou, nem um pouco, quando constatou que seus leitores estavam estacionados espiritualmente. Ele exclamou: “Porque já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus e não o sólido mantimento” (Hb 5.12).
Todos nós devemos almejar e buscar a maturidade cristã. Exatamente como nos aconselhou o apóstolo Pedro:
“Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador. Jesus Cristo” (II Pe 3.18 a).