Brasília, 9 de setembro de 2007.
O Senhor Jesus contou três parábolas tendo uma vinha como cenário: “Os trabalhadores e as diversas horas do trabalho” (Mt 20.1-16); “os dois filhos” (Mt 21.28-32) e “Os lavradores malvados” (Mc 12.1-9).
Como sabemos, vinha é cultivo da uva ou o local onde se realiza esse cultivo. Portanto, o cenário sugere muito trabalho.
As três parábolas que mencionei anteriormente têm como foco principal, a atitude humana diante da vontade de Deus. Na primeira, houve revolta dos que foram contratados mais cedo diante da bondade do dono da vinha para com os que foram contratados por último. Na segunda, o filho que parecia ser obediente não fez o que prometera ao pai e o que parecia ser desobediente foi o que obedeceu. Na terceira, houve um motim dos trabalhadores para não entregarem ao dono da vinha o que lhe pertencia por direito. Todas essas referências à insubmissão humana têm a ver com o povo de Israel em geral e com os religiosos dos tempos de Jesus em particular. Mas, é claro que nós, cristãos, podemos tirar muitas lições dessas parábolas.
Falando de outro tipo de planta, a oliveira, o apóstolo Paulo compara o povo de Israel a ramos que foram enxertados no tronco (Rm 11.17-25). Aí ele nos adverte: “…se Deus não poupou os ramos naturais, teme que não poupe a ti também” (verso 21). Eu creio que o mesmo princípio se aplica às parábolas das vinhas. As advertências implícitas ou explícitas contidas nelas, se aplicam à igreja cristã.
Judeus e gentios precisamos entender que quando Deus levanta um povo na Terra, Ele o faz para que esse povo cumpra uma missão. A missão a ser cumprida é estabelecida por Ele, Deus. o povo pode não entender a missão, pode achá-la esquisita, trabalhosa ou que for, mas tem que cumpri-la. Senão, o tal povo não tem razão de ser. Seria como um ventilador que se recusasse a ventilar, ou uma geladeira que não quisesse refrigerar ou um carro que insistisse em nunca andar. O problema de Israel foi precisamente este: quis ser o que achou que deveria ser e não o que Deus determinou que fosse. Jesus, então, profetizou: “Que fará, pois, o Senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros” (Mc 12.9).
Nós, Igreja do Senhor Jesus, não podemos incorrer no mesmo erro que Israel cometeu. Senão, seremos expulsos da vinha!
Temos uma missão a realizar. E qual é a nossa missão? Revelar o Deus Verdadeiro ao mundo. Essa revelação é feita, basicamente, de, duas maneiras: primeira, através de nossa maneira de viver. Isso exige renúncia de nosso egoísmo, domínio de nossa arrogância e abandono da nossa autossuficiência. Muitas vezes, atrai para nós rejeição e até hostilidade. Muitos pagaram e estão pagando com a própria vida física. A segunda maneira de transmitirmos ao mundo o conhecimento do Deus que é Espírito, invisível e santo é proclamando sua Palavra pelos meios que nos estejam disponíveis. Isso também não é fácil. Custa esforço, recursos financeiros e, muitas vezes, atrai também hostilidade e rejeição. Bem, é exatamente porque o cumprimento de nossa missão inclui muito trabalho e dificuldades que Jesus a compara com uma vinha.
Agora, há outro aspecto a se observar nesta questão. É a seguinte: para revelar Deus ao mundo, temos que conhecê-Lo. Isso exige que nós tenhamos conhecimento d’Ele. Temos que nos achegar a Ele, andar com Ele, viver com Ele, falar com Ele, ouvi-Lo falar, vê-lo agir. E isso é ruim? Claro que não. É a coisa melhor que existe. Porque nosso Deus é bom, é fiel, é sábio, poderoso. Ter comunhão com ele é ter alegria, é ter paz, é ter esperança em, qualquer circunstância. Estamos, então, falando do lado bom do nosso trabalho na “vinha”. Afinal, tem que haver o lado bom, senão ninguém trabalharia nisto. O produto final do trabalho na vinha é o vinho, algo que está associado à alegria, às festas, aos momentos felizes da vida. O nosso “vinho” é o mais saboroso, o mais sadio, o mais precioso. É por isso que estamos NA VINHA!