Brasília, 22 de agosto de 2004.
Às vezes Deus nos convoca para uma missão e nós nos sentimos completamente incapacitados diante dela. Foi o que aconteceu com Gideão. Primeiro ele duvidou de que fosse Deus mesmo que o estivesse convocando (Juízes 6:17). Em seguida, vendo que a chamada de Deus ocorrerá através de um anjo, pensou que iria morrer antes de começar a trabalhar. Aí Deus falou com ele: “Paz seja contigo, não temas, não morrereis” (Jz 6.23).
Gideão se sentia muito pequeno diante da enormidade da missão para a qual ele fora designado. Também não era para menos. O que Deus queria dele ele fora designado. Também não era para menos. O que Deus queria dele é que liderasse uma guerra contra os midianitas, povo numeroso, bem armado e que já dominava Israel havia sete anos. Gideão queria garantias de que o Senhor estaria realmente com ele. Propôs, então, dois sinais que foram plenamente correspondidos por Deus (Jz 6.36-40).
Eu fico maravilhado com a paciência de Deus. ele não se exaspera mesmo quando nos mostramos vacilantes. O Escritor Sacro escreveu: “Ele conhece a nossa estrutura, lembra-se de que somos pó” (Salmos 103:14). Ele nos compreende. Ele foi muito compreensivo com Gideão. Além de realizar os sinais que aquele homem amedrontado propôs, ainda deu-lhe mais uma prova de que estaria ao seu lado.
Veja que coisa linda está nos versos 9 a 15 do capítulo 7 de Juízes: “E sucedeu que naquela mesma noite, o Senhor lhe disse: Levanta-te, e desce ao arraial, porque o tenho dado na tua mão. E, se ainda temes descer, desce tu e teu moço Purá ao arraial; e ouvirás o que dizem, e então se esforçarão as tuas mãos e descerás ao arraial. Então desceu ele com o seu moço Purá até ao extremo das sentinelas que estavam no arraial. E os midianitas, e amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale como gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos; como a areia que há na praia do mar em multidão. Chegando, pois, Gideão, eis que estava contando um homem ao seu companheiro sonho, e dizia: eis que um sonho sonhei; eis que um pão de cevada torrado rodava pelo arraial dos midianitas, e chegava até as tendas, e as feriu, e caíram, e as transtornou de cima para baixo, e ficaram abatidas. E respondeu o seu companheiro, e disse: não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão. Filho de Joás, varão israelita. Deus tem dado sua mão aos midianitas, e a todo este arraial. E sucedeu que, ouvindo Gideão a narração deste sonho, e a sua explicação, adorou; e tornou ao arraial de Israel, e disse: Levantai-vos, porque o Senhor tem dado o arraial dos midianitas nas vossas mãos”.
Aí está: Deus usou o sonho de um midianita para encorajar Gideão. E deu certo. Você se sentiria encorajado com esse mesmo recurso? Você notou o detalhe de que, no sonho, Gideão era um pão cevado torrado?
Um pão: algo pequeno. Para chegar coando, circulando pelo arraial e atingindo as tendas de cima para baixo, tinha que ser algo leve, ágil, pequeno. Deus usou a Gideão porque ele era pequeno aos seus próprios olhos. Ele havia dito a Deus: “Ai, Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis que o meu milheiro é o mais pobre em Manasses e eu o menor na casa de meu pai” (capítulo 6, verso 15). Aí Deus respondeu: “Porquanto eu hei de ser contigo, tu ferirás aos midianitas como se fossem um só homem” (verso 16). Quem é pequeno não confia em si mesmo: confia em Deus. se você é pequeno, você é do tipo que Deus gosta de usar.
Um pão: algo simples, comum. E foi o pão que transformou o arraial dos midianitas. E com coisas e gente simples que Deus opera. A glória de Deus está, justamente, em operar através, daquilo que parecia não valer muita coisa. Como disse o apóstolo Paulo: “Temos porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós” (II Coríntios 4.7). Homem simples, mulher simples: Deus quer manifestar sua glória através de você.
Gideão era um pão de cevada torrado. Talvez ele tivesse a pele escura, talvez isso não tivesse nada ver com a cor e sim com o gosto, ou seja, ele era intragável para os seus inimigos. Por este aspecto, todos nós devemos ser pães torrados. A Bíblia diz: “Qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4.4b). para sermos amigos de Deus temos que nos indispor com o sistema mundano de vida. Temos que ser intragáveis para tal sistema, verdadeiros pães torrados.
Com pessoas, simples, que se achem pequenas e que estejam rompidas com a vida inconsequente deste mundo. Deus pode fazer maravilhas. Sim, com você mesmo o Senhor pode realizar coisas boas nesta Terra. E vai fazer. Faça como Gideão: adore a Deus e já conte com vitória. Amém.