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Brasília, 30 de maio de 2004.

PROVA PROLONGADA

  Tentativa de estupro. Esta era acusação. E havia provas do crime: a roupa do réu que, segundo a vítima, havia sido deixada para trás. Sim, as roupas eram dele mesmo.
  Apareceram testemunhas de acusação. “Nós ouvimos quando ela gritou. Ela estava sozinha em casa quando o sem-vergonha chegou. Nós ainda tentamos alcançá-lo, mas ele fugiu. Claro: até nu ele estava”.
  A vítima não era uma pessoa qualquer. Era a esposa de um oficial do palácio, gente de mais alta estirpe. Tão ou mais ofendido do que a mulher foi o marido, principalmente porque o ofensor era gente em quem a família confiava. O indivíduo chegara na condição de escravo. Foi acolhido, ajudado, alcançou a honrosa posição de administrador geral da casa, e retribuiu a maneira tão infame a todo o apoio que recebeu.
  Jogar um tal sujeito no cárcere, deixá-lo mofar lá por tempo indeterminado, é o mínio que deve fazer certo? Bem, no caso de que estamos tratando, foi o que se fez. Mas cometeu-se uma tremenda injustiça. Cometeu-se um dos mais famosos erros jurídicos da história.
  O caso está no livro de Gênesis, capítulo 39. A pessoa acusada de assédio sexual é José, filho de Jacó, bisneto de Abraão. E houve, de fato, o assédio. Só que quem assediou foi a mulher, não ele. As roupas que serviram como prova do crime eram, realmente dele, mas foram deixadas para trás porque não havia outra maneira de o jovem escapar das garras da mulher desvairada.
  Não se deixando dominar pelo desespero nem pela amargura, José manteve sua comunhão com Deus e tornou-se uma bênção lá no presídio. Tanto que pode interpretar, com exatidão, os sonhos de dois oficiais de Faraó que por lá passaram. José vaticinou que, dentro de três dias, um deles seria enforcado e o outro seria solto. Inteligente como era, aproveitou para pedir àquele que ele tinha certeza que seria solto, que intercedesse por ele.
  As coisas aconteceram tal como José previra, mas o detalhe é que o homem absolvido se esqueceu dele durante dois anos!
  Eu penso que José se encheu de esperança a partir do instante em que o homem e deixou a cadeia. “A qualquer momento virão buscar-me para rever o meu processo”, pensava ele. E se passou uma semana, um mês, seis meses, um ano, dois anos! Deve ter sido muito duro para José.
  Se nós não conhecêssemos toda a história de José, poderíamos pensar que Deus foi cruel com ele, permitindo que o homem que o poderia ajudar se esquecesse dele durante dois anos. Não, Deus não foi cruel com José. O homem se esqueceu dele, mas Deus não. O Senhor honrou a José, de tal forma que ele saiu daquele cárcere para ser o governador do Egito. Ele foi uma bênção para aquele império e, mais importante do que isso, teve um papel decisivo na preservação do povo hebreu.
  Alguém pode perguntar: e pra quê José tinha que ficar mais dois anos preso antes de sair para governar? Certamente foi um tempo para que seu preparo fosse completado. Dói anos amadurecendo. Dois anos aprendendo a administrar. Segundo o que está escrito em Gênesis 39:22, 23, José era o responsável pela administração do próprio cárcere onde se encontrava preso. Ali, administrando recursos escassos, ele aprendeu a lidar com grandes quantidades de víveres. Afinal, difícil não é administrar na abundância e sim, na escassez.
  Bem, José teve dois anos de “pós-graduação” na cadeia. E ele assimilou tão bem as lições de seu curso, que se tornou um grande administrador. Se você está lendo estas palavras e crê que já passou da hora de sair da provação, conscientize-se que o Senhor está lhe dando um curso de pós-graduação. Aproveite. A obra que Deus tem com você é muito grande. Amém.

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