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Brasília, 14 de março de 2004.

AI MEU BRAÇO

  Em Canaã havia uma cidade chamada Ai. Eu creio que Josué, o grande líder, nunca se esqueceu das dores que Ai lhe causou. Eu estou aqui fazendo um trocadilho com Ai e dores. Quero até pedir perdão ao leitor por isso até porque esse nome de cidade significa, em hebraico, “as ruínas”. Mas que Josué teve muitas dores ali, bem que teve.
  Segundo relato do capítulo 7 do livro de Josué, na cidade de Ai os israelitas sofreram uma pesada derrota. A situação foi tão crítica que Josué entrou em desespero e chegou a dizer a Deus: “Ah Senhor Jeová! Por que, com efeito, fizeste passar a este povo o Jordão, para nos dares nas mãos dos amorreus, para nos fazerem perecer?” (Js 7.7).
  A derrota em Ai deveu-se a dois fatores principais: desobediência às ordens divinas e excesso de autoconfiança. Mas Deus não desamparou o seu povo. Josué clamou Deus lhe respondeu e mostrou o caminho da vitória. Depois que a desobediência foi reconhecida e reparada, o Senhor deu uma estratégia de guerra a Josué que a seguiu e conquistou a cidade de Ai.
  A estratégia dada por Deus incluía uma ação prática e um ato simbólico. Já esta parte está no capítulo 8 do livro de Josué. A ação prática foi a execução de uma emboscada. O ato simbólico foi Josué levantar uma lança com sua mão e ficar com ela no alto do começo ao fim da guerra. O verso 18 diz: “Então o Senhor disse a Josué: Estende a lança que tens na sua mão para Ai; porque a darei na tua mão. E Josué estendeu a lança que estava na sua mão para a cidade”. Os versos 25 e 26 dizem: “E todos os que caíram aquele dia, assim homens como mulheres, foram 12 mil todos moradores de Ai. Porque Josué não retirou a sua mão, que estendera com a lança, até destruir totalmente a todos os moradores de Ai”.
  Eu imagino que Josué ficou com o braço doendo por muito tempo.
  Muitos anos antes desse episódio Josué ganhara uma guerra enquanto Moisés, seu líder na época, mantinha as mãos levantadas para os céus (veja Êxodo 17.8-13). Foi até necessário que duas pessoas segurassem as mãos de Moisés, uma vez que o esforço físico exigido era muito grande.
  Será que Moisés e Josué estavam realizando alguma mágica quando levantaram suas mãos durante a guerra? Não. Absolutamente não. Eles eram homens que conheciam a Palavra de Deus e sabiam que ela condena a prática da magia. O próprio Moisés escreveu: “Entre ti se não achará quem faça passar pelo fogo o seu filho ou sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro. Nem encantador de encantamentos, nem quem consulte um espírito adivinhante, nem mágico, nem quem consulte os mortos” (Deuteronômio 18.10, 11).
  O levantar das mãos de Moisés era o símbolo de uma atitude. Era um ato que representava uma tomada de posição. Sem a tomada de posição o gesto não valeria nada.
  Analisemos o caso da conquista da cidade de Ai. A derrota que os israelitas haviam tido antes, no mesmo lugar, foi consequência de sua obediência a uma ordem divina. Agora eles precisavam mostrar que estavam dispostos a obedecer. Quando Deus disse: “Levante a mão e fique com ela levantada” estava dando uma ordem um tanto estranha. Mas era um teste. Josué e seus liderados precisavam aprender que nossa disposição para obedecer a Deus tem que ser incondicional. Josué, que já havia apanhado uma vez, não quis levar outra surra: simplesmente obedeceu.
  Aquele homem em pé, com as mãos levantadas, segurando uma lança, mesmo calado estava falando. Aquele gesto dizia: “Deus, nós treinamos os soldados, lhes demos as armas, passamos a eles as instruções, enviamo-los ao combate, mas dependemos inteiramente de Ti. Sem Ti nada podemos fazer”. Um pouco outrora derrotado por causa de sua autoconfiança, agora reconhecia sua dependência de Deus.
  Olhemos para Josué segurando a lança e aprendamos as lições que ele nos dá com aquele gesto. Assim evitaremos muitas dores de cabeça.

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