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Brasília, 23 de novembro de 2003.

PÉS DESCALÇOS

  Cada povo tem seu jeito de ser, hábitos e normas sociais que lhe são característicos. O povo de Israel não foge a esta regra.
Ao ler a Bíblia encontramos muitas coisas que são ou foram bem características dos israelitas. Às vezes é necessário pesquisar muito para encontrar o porquê de certos hábitos deles. Por exemplo, havia entre eles tal de “Lei do Levirato” que era um tanto esquisita. Por essa lei, quando um homem casado morria sem deixar filhos um de seus irmãos tinha que se casar com a mulher dele, e o falecido era considerado pai do primeiro filho de sua viúva. Estranho, não?
  Mais estranho ainda era o que faziam com um homem que se recusasse casar-se com a viúva de seu irmão. Veja o que diz Deuteronômio 25.7-10: “Porém, se o tal homem não quiser tomar sua cunhada, subirá então sua cunhada à porta dos anciãos, e dirá: Meu cunhado recusa suscitar a seu irmão nome em Israel; não quer fazer para comigo o dever de cunhado. Então os anciãos da sua cidade o chamarão, e com ele falarão; e, se ele ficar nisto, e disser: não quero tomá-la; então sua cunhada se chegará a ele aos olhos dos anciãos, e lhe descalçará o sapato do pé, e lhe cuspirá no rosto, e protestará, e dirá: Assim se fará ao homem que não edificar a casa de seu irmão. E o seu nome se chamará em Israel: a casa do descalçado”!
  O que tem a ver não querer casar com a cunhada com andar descalço?
  Aqui vai minha modesta opinião.
  Exceto em situações bem específicas, andar descalço é uma situação de deselegância. Imagine um homem, em um encontro social, todo bem vestido, mas sem nada nos pés: é deselegante. Deselegante também era rejeitar a cunhada quando todos esperavam que acontecesse o casamento. Era humilhante para a moça. Afinal, perguntariam os que tomassem conhecimento de tal recusa, por que ele não quer se casar com ela: é porque ela é feia, é pouco inteligente, ou o quê? É deselegante deixar uma pessoa, ainda mais uma mulher, numa situação dessas.
  Andar descalço costuma também ser incômodo, a não ser dentro de casa ou na praia. O sujeito, depois de se recusar a cumprir o seu dever de cunhado, andava na rua pisando em pedras e espinhos, sem nada a proteger-lhe os pés, para sentir na pele como é que se sente alguém que foi rejeitado publicamente. Já pensou a situação de uma jovem senhora, sendo apontada na rua pelos fofoqueiros: “Aquela ali é a mulher que nenhum cunhado aceitou como esposa. Também feinha como ela é, tadinha!”. Quem expõe os outros a situações de desconforto precisam saber o quanto sofrem suas vítimas, para ponderar melhor suas ações. Só faça com os outros, o que você quer que façam com você. Aliás, foi exatamente isso o que Jesus nos ensinou: “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também a vós, porque esta é a lei e os profetas” (Mateus 7.12).
  Andar descalço é uma situação que impõe limites. Uma pessoa com os pés descalços, não pode ir muito longe. Depois de andar certa distância, os pés estarão tão maltratados que ela terá que parar. Assim é alguém que vive humilhando os outros: não vai muito longe, não. Uma hora vai ter que parar. Os exaltados serão humilhados (Mateus 23:12). Há um Deus no céu que “eleva os humildes, e abate os ímpios até a terra” (Salmos 147.6).
  A lei do levirato não existe mais, nem mesmo entre os judeus. Mas seus princípios são muito bons e atuais. É bom que cada um de nós cuide para não ser deselegante, nem injusto com os nossos semelhantes. Nossos padrões de justiça e moralidade precisam ser elevados e firmes. Isso, certamente, nos proporcionará uma situação de conforto e segurança.
  Os melhores princípios ara uma vida de paz com Deus, de harmonia consigo mesmo e de bem relacionar-se com os semelhantes, estão embutidos no evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo. É por isso que Efésios 6:15 nos exorta a calçar os pés “na preparação do evangelho da paz”. Use esse calçado. Ele é bonito, confortável e resistente.

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