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Brasília, 17 de agosto de 2003.

SERVOS QUE NÃO SERVEM

  Parece um contrassenso dizer que um servo, não serve. Se não serve, não é servo, certo? Pois é, mas há indivíduos que são chamados de servos e que não fazem o que se espera deles. Não fazem o que um servo deve fazer. São servos que não servem direito ou não servem de jeito nenhum.
  O que é um bom servo? É aquele que faz tudo o que seu Senhor manda? Não é o que Jesus pensa. Veja o que Ele disse, conforme está escrito em Lucas 17:10: “Assim, também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: somos servos inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer”. Servos inúteis. Há quem não goste dessa tradução e coloque termos mais suaves em seu lugar. A verdade é que o contexto trata exatamente desta verdade: não temos do que nos vangloriar quando fazemos tudo o que nos é mandado fazer. Não podemos esperar, nesse caso, medalhas, diploma de honra ao mérito nem promoção por bravura.
  Estamos tratando de algo chocante, especialmente neste tempo em que as pessoas estão pechinchando a salvação em toda a parte. A pergunta que muitas pessoas têm na cabeça, hoje em dia, é: “Como é que eu posso me salvar com o mínimo possível de esforço?” Como geralmente acontece, nesses casos, os “fregueses” podem acabar “comprando” um produto que não serve para nada. O barato pode acabar saindo muito caro.
  A verdadeira salvação só Jesus tem para oferecer e Ele não a está oferecendo em nenhuma liquidificação por aí. Ele é bom, misericordioso, amigo, mas é também criterioso. Quem quiser tê-lo como Salvador terá que tê-lo também como Senhor. O Senhor Jesus não se contenta com qualquer tipo de servo. Contudo, o ensino sobre os “servos inúteis” não é tão apertado como parece.
  Quando o Senhor Jesus nos diz que não devemos nos limitar em fazer só o que nos for mandado, Ele está afirmando que o nosso relacionamento com Ele não pode ser uma coisa mecânica do tipo: “faça isso; agora faça aquilo; depois faça aquela outra coisa”. Jesus não nos quer tratar como robôs. Se ele quisesse robôs Ele teria nos criado como máquinas e não como gente.
Jesus quer que nós participemos do reino com o coração, com a mente, com a vontade. Há espaço para que nós deixemos nossa marca pessoal. Podemos tomar decisões próprias. Podemos usar a criatividade. Podemos porque Jesus quer. Quem insiste em ser robô não serve. É servo inútil.
  Fazer só o que lhe é mandado é próprio de quem vive reagindo: alguém comanda e ele reage em função do comando dado. Mas Jesus não quer servos que vivam só reagindo, Ele quer auxiliares que vivam agindo, que vivam na dianteira dos acontecimentos. Para Jesus, servo que serve é aquele que faz as coisas acontecerem. Ele nos dá as habilidades, a inteligência, a força física, as oportunidades para adquirirmos experiências úteis, e nos diz: “Agora, vá a luta. Promova empreendimentos novos. Faça meu reino se expandir”. Quem vive apenas para manter aquilo que já existe não serve. É servo inútil.
  Se o servo só faz o que lhe é mandado não serve, quer dizer daquele que não faz nem o que já lhe foi ordenado? Bem, se for esse o seu caso, não se desespere. Ainda há oportunidade para você “entrar nos eixos”. Apresente-se para o serviço. Comece a fazer alguma coisa, vá se “desenferrujando”. Você vai entrar no ritmo certo e, já já, vai fazer mais do que lhe é mandado. E será um servo que serve.