Brasília, 3 de agosto de 2003.
DIREÇÃO DE DEUS
Depois de quatro séculos vivendo como escravo no Egito, o povo de Israel saiu para tomar posse da Terra que o Senhor lhe havia prometido. O percurso do Egito até Canaã, a Terra Prometida, durou quarenta anos. A viagem durou tanto tempo porque aquela gente andou em zig-zag pelo deserto. Às vezes dando voltas, às vezes andando de lado, às vezes andando para trás.
Embora pareça que os israelitas estavam desorientados em sua jornada, a verdade é que, antes da Igreja de Jesus Cristo, nunca houve um povo tão bem orientado como aquele. A Bíblia diz que uma nuvem guiava aquela gente o tempo todo. E, se fosse necessário viajar à noite, a mesma nuvem se transformava numa coluna de fogo.
Eis o relato de Números 9.15-17: “E no dia de levantar o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do testemunho; e à tarde estava sobre o tabernáculo com uma aparência de fogo até à manhã. Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo. Mas sempre que a nuvem se alçava sobre a tenda, os filhos de Israel após ela partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel assentavam o seu arraial”. Como se pode ver, era uma direção muito clara e segura. De fato, só a Igreja conta com algo melhor.
A Igreja, desde a sua fundação até os dias de hoje, é melhor dirigida do que os israelitas no deserto porque o próprio Deus, na pessoa do Espírito Santo, é quem nos dirige. E esta direção é dada a cada crente individualmente. Em Romanos 8:14 está escrito: “Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”. O Espírito Santo guia a cada servo de Jesus de dia e de noite.
Agora surge a pergunta: “Se todos os verdadeiros cristãos são guiados pelo Espírito de Deus, porque muitos deles têm uma jornada tão irregular?”. Para encontrar a resposta para esta pergunta devemos observar a caminhada dos israelitas pelo deserto.
A jornada no deserto não foi uma linha reta por dois motivos básicos: estratégia divina e desobediência do povo. Deixando de lado a questão da desobediência do povo, fixemo-nos na estratégia divina.
Observe o seguinte: Israel sai do Egito (Êxodo cap. 12), caminha até o mar vermelho já guiado pela nuvem (cap.13, verso 17 a 22), atravessa o Mar Vermelho em seco (cap.14) e faz um percurso dramático até ao Monte Sinai. Tudo isso durou cerca de três meses, uma vez que em Êxodo 19:1 está escrito: “Ao terceiro mês da saída dos filhos de Israel da terra do Egito, no mesmo dia, vieram ao deserto de Sinai”. Aí Israel fica parado por, praticamente, um ano. Tudo o que está escrito entre Êxodo 19 e Números 10 aconteceu nesse período. A próxima saída do povo está mencionada em Números 10.11 “E aconteceu, no ano segundo, no segundo mês, aos vinte do mês, que a nuvem se alçou de sobre o tabernáculo da congregação”.
Essa parada de um ano tem muito a nos revelar acerca das estratégias de Deus. o que aconteceu com Israel nesse período nos mostra o que Deus quer que aconteça com cada pessoa que é por Ele guiada.
Uma das coisas que ocorreram naquela fase da caminhada do povo de Deus foi a consumação da aliança com o Senhor. Os famosos “Dez mandamentos” e uma série de outros preceitos nada mais eram do que termos do pacto entre Deus e o seu povo. Em Êxodo 24.6,7 está escrito: “E Moisés tomou a metade do sangue, e a pôs em bacias, e a outra metade do sangue espargiu sobre o altar. E tomou o livro do concerto, e leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: tudo o que o Senhor tem falado faremos e obedeceremos”. Não seria possível a caminhada de Deus com o povo sem a realização dessa aliança. Hoje em dia, há muita gente querendo receber a direção de Deus, mas sem assumir nenhum compromisso com Ele. Se você é do tipo que age assim, desista! Deus não tem compromisso com quem não tem compromisso com Ele.
Outra coisa que aconteceu foi a construção do tabernáculo, o lugar de adoração ao Senhor. Foi uma construção feita com muito esmero usando os melhores materiais disponíveis na época. Isso deve ter tomado um bom tempo. Mas era necessário. É preciso cuidar da comunhão com Deus com todo o carinho. Nesta área é preciso gastar o tempo que for necessário e fazer o melhor possível. A propósito, era sobre o tabernáculo que ficava a nuvem que guiava o povo. Quem deseja ser guiado por Deus precisa ter familiaridade com Ele, precisa aprender a lidar com Ele dia a dia, com respeito, com amor, com adoração e com ações de graças.
Vale a pena ressaltar duas outras coisas que aconteceram antes de Israel prosseguir sua jornada. Uma foi a celebração da primeira Páscoa no deserto. A Páscoa era a lembrança da libertação ocorrida no Egito. Com esta festa Deus estava ensinando ao seu povo a importância de celebrar a salvação, a redenção que só é devida a Ele. E a última coisa? Bem, no mês segundo, no dia quatorze do mês, isto é, exatamente uma semana antes de o povo continuar sua jornada pelo deserto, houve uma segunda “chamada” para quem não pode celebrar a Páscoa na data exata em que devia ser realizada (Veja Números 9.10,11). Eu chamaria este evento de “pausa para acertos”. Até isso Deus levou em conta ao conduzir seu povo pelo deserto. E hoje em dia é assim também. Talvez muita gente esteja com sua marcha paralisada justamente porque está demorando muito a fazer certos acertos necessários. Deus é paciente: Ele está esperando!