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Brasília, 19 de janeiro de 2003.

A FOME

  Esta é uma das estórias que meu pai costumava contar. Deve basear-se nalgum acontecimento verídico pelo menos.
Certo caçador infeliz, além de não conseguir caçar absolutamente nada se perdeu no meio do mato. Para piorar as coisas, na região onde se perdeu não se achavam frutas, mel silvestre, nada que se pudesse comer.
  Depois de perambular por lá com uma fome que aumentava a cada dia, o caçador infeliz avistou ao longe algo que parecia ser uma casa. “Casa tem cozinha e cozinha tem comida”, pensou ele. E a fome dobrou.
  Avançando um pouco mais, o homem faminto teve certeza de que aquilo lá era uma casa. Dava até para distinguir uma chaminé. “Debaixo de uma chaminé tem um fogão e em fogões faz-se comida”. Parecia até que ele estava sentindo o cheiro de um guisado. A fome triplicou.
  “Tem alguém andando pelo quintal. E é uma senhora. E parece ser daquelas mulheres que sabem fazer comidas simples, mas muito saborosas”. Pensando ele assim, quase que vendo a comida no prato, a fome quadruplicou.
  O caçador reuniu suas últimas reservas de energia, apressou os passos e se aproximou da pessoa que representava sua libertação de uma fome de vários dias. Agora a fome quintuplicara. “Boa tarde, senhora”. “Boa tarde, moço”. “Minha senhora, eu estou sem comer há vários dias. Estou morrendo de fome. Será que a senhora não pode arranjar-me alguma comida? Qualquer coisa serve”. “Ah, Senhor, nós não temos nada em casa. Absolutamente nada. Sinto muito”. “Minha senhora, pelo amor de Deus arranje alguma coisa. Farinha seca, pau de mamoeiro, alguma fruta, qualquer coisa”. “Moço, acredite-me, não temos nada mesmo”.
  O pobre caçador afastou-se triste, triste. Quando já se encontrava a algumas dezenas de metros de distância, ouviu a mulher chamar: “Moço, moço!”. Imediatamente suas esperanças se renovaram. “”Eu sabia que ela devia ter algo em casa, pensou. E a fome sextuplicou. Pouco depois ouviu a pergunta,: “Moço, assim uma farofa só de ovo com farinha lhe serviria?”. “Mas claro, Dona. Eu lhe disse que me contentaria com qualquer coisa. Uma farofa de ovo é ótimo1”. A mulher olhou pra ele com um ar tão desolado e respondeu: “Pois é moço, para o senhor ver como as coisas aqui estão muito ruins. Pois nem uma simples farofa de ovo nós temos para oferecer-lhe, nem isso”.
  É muita infelicidade para um caçador só. A estória e tão trágica que parece cômica. Mas há muita gente passando por situações piores.
  Além de haver muita gente passando fome física por aí, há o problema da fome espiritual. Sim, existe fome física, a que dói no estômago, e existe a fome espiritual, a que dói na alma.
  Como o caçador da história que meu pai contava, há muitas pessoas esperando ter sua fome satisfeita onde não há absolutamente a menor possibilidade de isso acontecer.
  A fome da alma não pode ser satisfeita nos motéis, nem nas boates ou salões de festas. A fome da alma não pode ser satisfeita nos pódios nem em nenhum lugar de premiação. O que a alma humana necessita não se encontra nas colunas sociais nem nos bancos.
  Só Jesus pode preencher o vazio da alma. A boa notícia é que ele está sempre disponível. Em qualquer lugar. A qualquer hora. Para qualquer pessoa. Ouça o que ele diz e venha satisfazer-se n’Ele:
  “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede”. João 6.35

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