Brasília, 26 de maio de 2002.
“Disse, porém Rute: Não me instes para que te deixe e me afaste de ao pé de ti. Porque aonde quer que tu fores, irei eu, e onde quer que pousares À noite, ali pousarei eu; O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” Rute 1.16
Amizades improváveis. A Bíblia menciona algumas delas. Como a do Príncipe Jônatas para com Davi, concorrente ao mesmo trono que ele (I Sm 18.1). A do apóstolo Paulo, homem maduro e de temperamento muito forte, para com o jovem e tímido Timóteo (II Tm 1.4).
Não se pode dizer que amizade profunda entre nora e sogra seja algo muito comum. Mas Rute amava, de maneira extrema, à sua sogra Noemi. Tomou a firme decisão de viver com a sogra até que uma das duas morresse (Rt 1.17).
Rute não tinha nenhuma obrigação de viver com Noemi. Seu marido havia morrido sem deixar filhos. Portanto, todo o vínculo familiar entre ambas estava encerrado. Além do mais, “a velha” pertencia a outro povo, a outra cultura. Era pobre e muito infeliz: havia perdido o marido e os dois únicos filhos, sem ter nenhum neto. Que vantagem haveria em se viver com uma pessoa assim?
A amizade de Rute com sua sogra Noemi tinha conotações que reconheceu no “homem da cruz do meio”, todo ensanguentado, insultado e rejeitado, nada menos do que o Senhor, o Soberano que haveria de tomar posse de um reino. “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (Lc 23.42), foi o pedido daquele pobre pecador. E foi atendido: “Hoje estarás comigo no Paraíso”, Jesus lhe prometeu (Lc 23.43).
Noemi também foi recompensada por sua fidelidade. Sim, porque sua atitude era fruto de uma fé genuína no verdadeiro Deus. a fé que faz o amor prevalecer contra as improbabilidades da vida. A fé e o amor que existiam em seu coração se expressaram em gestos e atitudes. Por causa disso, ela passou a figurar na genealogia do Salvador do mundo (Mt 1.5). ela cumpriu um papel muito importante na estória da mais improvável e mais real das amizades: a amizade de Deus para com os seres humanos.