Brasília, 20 de janeiro de 2002.
“Então disse o senhor a Josué: Levanta-te por que estás prostrado assim sobre o teu rosto?” Js 7:10
Vamos imaginar algumas cenas bíblicas impossíveis. Que tal esta: o profeta Elizeu realizando milagres em troca de dinheiro? E esta outra: Noé com medo de chuvisco? E mais esta outra: João Batista com roupa de festa? Para terminar, pense nesta cena: Josué, o bravo auxiliar e depois sucessor de Moisés, desanimado e dizendo ao próprio Deus: “Com efeito, era melhor que o Senhor nos tivesse deixado no Egito”.
Acreditam que a última cena que sugerimos acima aconteceu mesmo? Pois aconteceu. Nosso versículo de hoje é um “puxão de orelha” de Deus em Josué. Será que Josué merecia esse “puxão de orelha?” Vamos ver.
Fazia pouco tempo que os israelitas haviam conquistado sua primeira cidade ao Oeste do Jordão. A própria travessia daquele rio havia sido milagrosa. Depois Deus havia se manifestado de maneira tremenda, fazendo com que os fortíssimos muros de Jericó viessem abaixo, sem nenhuma interferência humana. Os israelitas estavam eufóricos. Agora eles tinham absoluta certeza de que a conquista de toda a terra de Canaã era só uma questão de tempo. Josué, o líder do povo estava contente. Deus o havia honrado, confirmando-o como autêntico sucessor de Moisés.
Depois da espetacular de Jericó, o povo que Josué liderava tinha uma tarefa bem simples para realizar: prevalecer contra uma cidade pequena e bem mais fraca do eu Jericó, a cidade de Ai. O povo saiu para guerrear contra a cidade de Ai com cara de “já ganhou”. E apanhou feio dos guerreiros daquela “porcariazinha” de cidade. Aí Josué se desesperou. O problema não era só a surra dos moradores de Ai. Era a perda da invencibilidade. Era mostrar aos moradores das outras cidades que, afinal, se os guerreiros de Ai os pôde vencer, qualquer também podia. Josué estava com medo de um massacre. Ai foi reclamar com Deus: “Ei, Deus, que está havendo? Você está brincando com coisa séria? Resolveu nos deixar sozinhos na hora em que mais precisamos de você?” Aí quem não gostou foi Deus. Deu uma bronca em Josué.
Afinal, quem está com a razão: Deus ou Josué? Deus sempre está com a razão. Tem hora que parece que não. Tem hora que a gente não entende nada. Quando isso acontece, é melhor fazer o que Josué fez: é ir falar com deus, nem que seja para levar um puxão de orelhas. Ah, não tenha dúvidas. Tudo vai se esclarecer. O que Deus explicou a Josué foi que havia grave pecado no meio do povo. O problema não estava com Deus. o problema estava com Josué, ainda que de maneira indireta. Mas havia solução para o problema. A solução era remover o pecado.
Josué fez o que Deus lhe orientou a fazer, ainda que ao custo de vidas humanas, e tudo se resolveu. A confiança voltou. A vitória voltou.
Quantas vezes nós ficamos contrariados com Deus e o problema, na verdade, está em nós? O pecado atrapalhou a vida de Josué e muitas vezes, atrapalha a nossa também. Para que a crise que envolveu Josué fosse resolvida alguém teve que morrer. No nosso caso, a solução é a mesma. “Sem derramamento de sangue não há remissão”, nos diz Hebreus 9:22. Só que Jesus já derramou o sangue d’Ele por nós. Tudo o que temos de fazer é reconhecer os nossos erros, arrependermo-nos deles e receber o perdão de Deus, perdão que se baseia no sacrifício de Jesus. Em seguida, devemos nos levantar e prosseguir nossa jornada, na certeza de que o Senhor cumprirá as promessas que nos tem feito e nos conduzirá sempre e vitoriosamente. “Levanta-te”, foi a palavra de deus a Josué, no verso 13. “Levanta-te” é a palavra para ti também.