Gunnar Vingren e Daniel Berg nasceram no mesmo país: a Suécia. Ambos imigraram para os Estados Unidos ainda bem jovens. Ambos conheceram a experiência do batismo com o Espírito Santo mais ou menos na mesma época. Ambos receberam a chamada missionária também na mesma época. Ambos vieram para o Brasil orientados pela mesma profecia. Vieram no mesmo barco. Sofreram a mesma oposição á crença pentecostal que trouxeram para o nosso país e iniciaram juntos o mesmo movimento de renovação espiritual que deu origem ás Assembléias de Deus aqui.
Gunnar Vingren e Daniel Berg tinham muita coisa em comum, mas evidentemente, tinham personalidades e formações bem distintas. O primeiro era pastor batista de origem e, como tal, primava pelo estudo e pelo ensino da Palavra de Deus de maneira continua e sistemática. O segundo, tendo-se dedicado a atividades profissionais mais pesadas e a uma vida mais simples, voltou-se para a parte mais “agressiva”da fé, o evangelismo. Daniel Berg andava dezenas de quilômetros a pé, carregando sacos e malas cheios de literatura própria para a evangelização.
Hoje, quando analisamos o que são as Assembleias de Deus no Brasil, vemos marcas inconfundíveis de ambos os pioneiros. De Gunnar Vingren herdamos a solidez doutrinária que, aliás, foi recentemente motivo de elogio por um padre católico romano bem conhecido. De Daniel Berg herdamos o ardor evangelístico que nos faz estar presentes em todos os recantos do nosso país, inclusive e, talvez especialmente, nos lugares mais difíceis. Sem Daniel não teríamos crescido tanto. Sem Gunnar não teríamos uma identidade doutrinária tão firme.
As Assembleias de Deus são a “mãe” ou a “avó” de um número imenso de novas denominações evangélicas, especialmente daquelas que mais crescem hoje em dia em nosso solo pátrio. Não é preciso nem ser assembleiano para reconhecer isso. Penso que se Daniel Berg e Gunnar Vingren ainda estivessem aqui para presenciar isso, eles se sentiriam muito felizes. Afinal, quando eles aqui chegaram, primeiro tentaram fazer com que a primeira igreja que aqui frequentaram, uma igreja batista tradicional, assimilasse a fé pentecostal. Eles só saíram daquela igreja porque foram obrigados. Isso deixa claro que nossos pioneiros tinham o desejo de que as igrejas evangélicas brasileiras, todas, crescem e recebessem a experiência pentecostal.
Nesta época em que se comemora o centenário da chegada da fé pentecostal em nosso país, honremos a memória dos nossos pioneiros, mantendo o zelo doutrinário de um, o ardor evangelístico do outro e, de ambos, a permanente disposição de abençoar todas as denominações evangélicas. E claro, honremos a memória de Gunnar Vingren e de Daniel Berg nos empenhando para que os povos mais distantes e mais diferentes de nós conheçam a glória de Deus em sua plenitude!