Brasília, 31 de janeiro de 1993.
É realmente uma pena que, atualmente, no Brasil, cogite-se a possibilidade de pena de morte. Alguns acreditam que ao ressuscitar este débil instrumento de punição poderá conter a escala crescente de violência em nossa sociedade.
Não sabem eles que os fundamentos dessa violência generalizada nunca serão desarraigados por instrumentos externos. Somente a transformação interior do indivíduo, o novo nascimento, efetuado pelo Espírito Santo, pode tornar uma pessoa marginalizada num cidadão honesto, não somente na terra, mas principalmente no céu.
Haja vista os diversos exemplos de pessoas, nos meios evangélicos, que antes foram assaltantes, traficantes, etc. Hoje, graças à ação “salina” da igreja, os que antes seriam prováveis candidatos a cadeira elétrica, hoje são pastores de igrejas, pais de famílias felizes, cidadãos exemplares. O que aconteceria com eles caso fossem executados em sua vida pregressa? Nós já sabemos. Porém, graças a Deus, “onde abundou o pecado, superabundou a graça”, para a glória de Cristo.
Aos defensores deste triste projeto punitivo cabe-nos perguntar: Os nossos júris estão preparados para julgar com justiça? Ou teremos outros julgamentos como aquele liderado por Pilatos? E os erros judiciais, neste caso, que solução terá? Não serão os pobres os únicos a sofrerem essa ridícula pena? E nós, evangélicos, não estaríamos desprezando o poder transformador da cruz de Cristo, ao concordarmos com tal atitude? Seria esse comportamento que Cristo quis ensinar-nos com suas palavras (Mt 5.43-46; Jo 10.10; Mt 22.37-39)?
Não convém a nós, como igreja de Cristo que somos, uma posição favorável a este obsoleto instrumento de punição. Antes, devemos ter uma atitude de intercessão, de evangelização, a fim de alcançarmos esses que estão nas trevas. Deus ajude-nos a cumprirmos a nossa missão de “sal na terra e luz do mundo”, até que Cristo volte (Mt 24.46).