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Brasília, 14 de abril de 1991.

   A propósito do “dia do índio”, tal como é chamado o dia 19 de abril, transcrevemos abaixo um documento ligado ao trabalho evangélico entre índios.
   Tomamos a iniciativa de criar o Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas – CONPLEI-, que foi lançado oficialmente em Brasília, DF, no dia 22 de março do corrente, o qual tem como objetivos:
    a. Coligar e promover a confraternização dos pastores e demais líderes evangélicos indígenas;
    b. Representar as igrejas evangélicas indígenas e responder pelos assuntos a elas pertinentes junto à sociedade e os poderes públicos;
    c. Diligenciar junto aos poderes públicos pelo cumprimento das garantias constitucionais relativas ao direito de culto, à comunicação e da informação, conforme parágrafo VI e IX do art. 5º do cap. I da constituição Brasileira e cláusulas XVII e XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos;
    d. Avaliar, emitir pareceres e formular orientações sobre a atividade missionária em área indígena, arbitrando nas questões de impasse entre organizações missionárias e os poderes públicos;
    e. Promover a conscientização da igreja evangélica brasileira sobre o seu papel na evangelização e na ação social junto às tribos indígenas do País, bem como sobre o seu dever de assumir um maior engajamento na defesa dos interesses indígenas, sempre que estes se encontrem ameaçados;
    f. Promover reflexão sobre uma teologia de missões adaptada à realidade;
    g. Promover cursos de treinamento para obreiros indígenas em evangelização transcultural, isoladamente ou em convênio com outras entidades;
    h. Promover o intercâmbio entre as igrejas evangélicas indígenas do país.
Queremos conclamar a Igreja, aos irmãos, através do Conselho para uma grande corrente nacional de oração (vigília) pelos indígenas do Brasil, nos dias 18,19 ou 20 de abril, nos quais se comemora oficialmente a Semana do índio, pois temos sentido um grande distanciamento entre a igreja não indígena e a nossa igreja. Não queremos olhar para trás nos ressentindo dos descasos e esquecimentos, porém hoje queremos nos aproximar cada vez mais e descobrir em nós verdadeiros irmãos em Cristo Jesus. Segue abaixo os motivos de oração:
   Tribo Yanomami: que habita no estado de Roraima e tem enfrentado a pressão de políticos para que os garimpeiros permaneçam em sua área; garimpeiros que foram retirados da área estão voltando. Não se tem hoje o número exato de índios mortos, mas muitos já pereceram, ou por doenças como a malária ou pelas bebidas alcoólicas, prostituição e os estragos ecológicos em grandes áreas que jamais serão recuperadas. No governo Sarney a área yanomami foi “desmarcada” em pequenas 19 ilhas, dividindo-os ainda mais.
   Parque nacional do Xingu (Mato Grosso): cartão postal para se mostrar os índios aos olhos estrangeiros, exemplo do que poderia ser o Parque Nacional Yanomami. Habitam ali 16 tribos diferentes, com população aproximada de 3.500 índios, onde é terminantemente proibida a entrada de missionários, isso porque, dizem “o evangelho estraga a cultura indígena.” O Parque do Xingu é uma área desmarcada.
   Uru-Eu-Wau-Wau: povo que habita o estado de Rondônia, os garimpeiros estão invadindo sua área, rica em ouro. A situação desse povo poderá ser semelhante à dos Yanomami, caso providências sérias não sejam tomadas. Esta área foi diminuída no governo Sarney.
   Kaiwá: povo que habita o sul do Mato Grosso do Sul, com grande parte da população nas imediações da cidade de Dourados. Nos últimos anos os Kaiwás vêm enfrentando uma série de suicídios entre os jovens, provavelmente como forma de se libertarem da difícil situação em que se autossustentar, bebida alcoólica, entrada de várias denominações levando suas doutrinas e não o evangelho puro de Jesus Cristo, contextualizado e dentro de uma perspectiva transcultural.
Dificuldade de ingresso em área indígena
    1. Casal Gino e Aristea (Missão ALEM), que por manobras da 4º SUER, em Belém, não tem podido retornar para a área indígena Apiterew, do grupo indígena Parakaña, pela Eletronorte – FUNAI.
    2. Área indígena Ipixuna, do grupo Araweté, próximo à cidade de Altanira, no Pará, que funciona como reserva etnológica, visitada apenas por religiosos da Prelazia do Xingu.
    3. Campanha difamatória da rede Manchete de Televisão, contra a presença de missões em áreas indígenas.
   Ainda somos poucos, estamos engatinhando, mas sabemos que a verdade é libertadora e que Cristo começou com apenas 12 discípulos e para nós a fé, a esperança e o amor são mais importantes que os números. Queremos a igreja do nosso lado, como verdadeiros aliados, verdadeiros irmãos. Amém.

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